Vacinação é um direito humano

Vacinação é um direito humano

Papa Francisco denunciou recentemente a “ distorção da realidade baseada no medo”,  que se alastra pelo mundo desde o começo da pandemia do coronavirus, pedindo ao mesmo tempo, compaixão para aqueles enganados pela desinformação e fake news sobre a doença. Enfatizou também o papel da imprensa na elucidação de aspectos científicos e produção de matérias educativas sobre todos os aspectos da crise sanitária global. Chamou também atenção para a “infodemia” justaposta a pandemia, espalhando um fluxo vitriólico de ideias tóxicas baseadas em notícias falsas e alarmantes.

Em uma reunião com a “International Catholic Media Consortium on COVID-19 Vaccines”, uma rede de organizações católicas cujo objetivo é combater  desinformação, o Papa caracterizou como um direito humano ser corretamente informado e da obrigação de ajudar pessoas menos preparadas, mais frágeis e vulneráveis, a entender situações baseadas em evidência cientifica. “Fake news” devem ser rejeitadas, com devido respeito a indivíduos que frequentemente acreditam nelas, mesmo sem conhecimento ou aceitar responsabilidade por disseminá-las.  É importante ouvir dúvidas, preocupações e perguntas, sem nunca as descartar desrespeitosamente.

Papa Francisco tocou no tema da pandemia e pediu por imunização massiva em todos os países, sugerindo que a resposta global a coronavirus estava sendo complicada por informações equivocadas. Confrontou o fenômeno de  “hesitação vacinal” ao proclamar vacinas complementadas por outros tratamentos sendo desenvolvidos, como a solução mais razoável na prevenção da doença. Resistência a vacinas é um tema transversal em todas as religiões, uns tantos católicos conservadores têm criticado, até questionado o uso de vacinas, apesar da Congregação para a Doutrina da Fé da Igreja, considerar moralmente aceitáveis todas as vacinas do coronavirus. Para o Papa, vacinação é “um ato de amor”.

Durante os anos de 1950, 1960, até o presente, programas de radio e televisão, dão espaço para uma abundância de pastores que misturam ensinamentos do Evangelho com Patriotismo,  transformando templos em campos de batalhas culturais e ideologias políticas. Advento das mídias sociais abriu novas oportunidades para diferentes vozes serem ouvidas e canais de diálogo aberto entre igrejas e o Poder Laico, oportunidades eclipsadas por conteúdos incendiários e fake news, promovidos frequentemente por políticos e religiosos protagonizando sentimentos antidemocráticos.

Abraham Lincoln nos alertou há mais de 150 anos, “deixe o povo saber dos fatos e a nação será mais segura”, ensinamento pisoteado em campanhas e eleições democráticas, ofuscadas por desinformação e fake news infiltradas nas veias capilares da opinião pública, por cafetões do poder absoluto e aqueles reivindicando ser mais próximos de Deus, dos símbolos da Pátria e da verdade. Papa Francisco está certo, fake news e desinformações violam direitos humanos, é nosso dever, portanto, defendê-los robustamente com a couraça da verdade.  

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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