A promessa de Joe Biden para a América sempre foi a de um retorno à normalidade. Ele superou seus rivais nas primárias democratas de 2020 — muitos deles mais afiados, carismáticos e telegênicos do que ele nesta fase de sua carreira — porque os eleitores optaram, de maneira lógica, por uma volta à estabilidade relativa dos anos Obama, em vez de embarcar na mudança radical proposta por figuras como Bernie Sanders.
Nas eleições gerais, Biden derrotou o então presidente Donald Trump, não apenas porque Trump estava claramente fora de controle — e ele estava — mas porque centenas de milhares de americanos estavam morrendo desnecessariamente devido à resposta malconduzida de Trump à COVID-19. Milhões de pessoas perderam seus empregos pelo mesmo motivo. O país ansiava por alguém que trouxesse de volta uma sensação de sanidade — que conseguisse juntar os pedaços quebrados de uma maneira coerente.
Entretanto, a promessa de normalidade ainda não se concretizou, como evidenciado pelo fato de que a recente tentativa de assassinato de um candidato presidencial em um comício já parece uma memória distante. Pouco depois, o mundo foi paralisado por uma atualização de segurança malsucedida da Microsoft. Em meio a esse caos, Biden, isolado em casa com COVID, anunciou que encerraria sua campanha de reeleição a menos de um mês da Convenção Nacional Democrata.
Mesmo assim, o mandato de Biden será lembrado como um dos mais eficazes da história presidencial moderna. Ele estabilizou a nação após a insurreição de 6 de janeiro, implementou estratégias abrangentes de vacinação e alívio econômico para resgatar o país da crise da COVID-19, promoveu o plano mais ambicioso do mundo para combater as mudanças climáticas, conteve a agressão russa na Ucrânia e, lenta, mas seguramente, controlou a inflação decorrente.
Não, a nação não voltou à normalidade. Está longe disso. Mas é a liderança de Biden que devemos agradecer por impedir que o país mergulhasse em uma crise ainda mais profunda.
Ainda assim, a percepção é crucial. E, apesar dos sucessos de Biden, não há nada de normal em um líder do mundo livre que aparenta ser um velho senil. A tarefa de restaurar a normalidade já era desafiadora. Após o desastroso debate de Biden com Trump, parecia impossível. Espera-se que a saída de Biden agora sirva de lembrete às partes indecisas do país que, se desejam normalidade e estabilidade, não a encontrarão em um segundo mandato de Trump.
Mesmo deixando de lado o histórico mortal de falhas políticas de Trump, seus casos de abuso sexual ou suas 34 condenações criminais — que, para ser claro, não devemos ignorar — o ex-presidente, de 78 anos, tem sido quase incompreensível por anos.
Palmarí H. de Lucena