Destruição paulatina de imóveis tombados, muitas vezes acelerada por ocupações ilegais e abandono, mostrando claramente o desnível entre promessas eleitorais e a realidade enfrentada por aqueles tentando viabilizar a revitalização do Centro Histórico. Anúncios de verbas e ordens de serviços, cerimônias de lançamento de projetos aparentam ser as únicas ações concretas da Edilidade. Anunciada há mais de dois anos, a reabilitação de oito imóveis na Rua João Suassuna como o ponto de partida da transformação da área em um polo econômico, turístico e cultural, continua no rol de projetos inacabados, expostos aos caprichos da natureza e o niilismo dos vândalos.
Práticas ilegais desvalorizadoras do patrimônio e da qualidade de vida, pichações e poluição visual adicionam insulto ao agravo a uma população exposta ao descaso de uma gestão municipal incapaz de fazer cumprir normas estabelecidas no Código de Posturas. Enquanto o poder público mostra pouco apetite em executar um projeto mais robusto no Centro Histórico, interesses escusos parecem livres para ditar o estilo, o uso do espaço público e a paisagem da terceira cidade mais antiga do Brasil.
Desfiguração de fachadas de imóveis tombados com anúncios de espetáculos, venda de objetos e outdoors, presença constante na incontrolável espiral de poluição visual limitando a possibilidade de registros fotográficos turísticos ou revitalização do Centro da cidade. Segundo o Código de Posturas do Município, “[…] são passíveis de punição qualquer publicidade instalada ao ar livre sem a licença ou autorização do órgão municipal responsável […]”. Poluição visual é tratada pelos gestores municipais com o mesmo laissez-faire do combate às pichações e outras pestes urbanas.
O busto restaurado de Augusto do Anjos, depois de uma espera de quase três anos, foi instalado em um lugarzinho acanhado na passagem com o nome do Paraibano do Século XX. A placa de uma banca de revistas, servindo como pano de fundo para a homenagem ao representante do nosso EU. E assim tratamos nossa história!
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores