Fundada oficialmente em 1962, São Miguel de Taipu possui raízes que remontam ao início do século XIX, quando as primeiras famílias começaram a formar o núcleo habitacional da cidade. As modestas construções de taipa e palha, características da época, utilizavam os recursos naturais disponíveis, como a madeira extraída das matas ao redor dos engenhos. Esses engenhos, verdadeiros pilares da economia local, impulsionaram o crescimento do povoado e a formação de uma comunidade próspera.
A transformação de São Miguel de Taipu começou a tomar forma em 1875, com a construção da imponente igreja matriz. Essa obra de alvenaria simbolizou a transição de um povoado rústico para uma localidade mais estruturada, com infraestrutura crescente e novas construções de tijolos, além de um mercado público. Ainda como distrito de Cruz do Espírito Santo, o município começava a trilhar um caminho de desenvolvimento, delineando o futuro que viria a se concretizar anos mais tarde.
Estrategicamente localizada nas proximidades das rodovias BR-230, PB-042 e PB-048, São Miguel de Taipu goza de fácil acesso a centros urbanos importantes, como João Pessoa, Campina Grande e Recife. Essa conectividade impulsiona não apenas o escoamento da produção agrícola, especialmente da cana-de-açúcar, mas também facilita a integração com a 12ª Região Administrativa, com sede em Itabaiana, à qual o município pertence. Embora o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,524 reflita alguns desafios, ele também aponta as potencialidades de uma cidade em constante evolução.
Com um clima tropical quente e úmido, a cidade apresenta temperaturas anuais médias entre 24ºC e 26ºC, e uma pluviometria anual que varia de 1.000 a 1.250 mm. Essas condições favorecem o cultivo da cana-de-açúcar, que, desde os tempos coloniais, é a base da economia local. A chegada dos portugueses às margens do Rio Paraíba e o subsequente plantio de cana-de-açúcar marcaram o início de uma era de monocultura que moldou a paisagem e a vida da região.
Engenhos históricos como Corredor, Maravilha, Oiteiro, Itapuã e, especialmente, o Engenho Taipú – de onde a cidade herdou seu nome – são testemunhos desse passado. A influência religiosa também é marcante, com a fundação oficial de São Miguel de Taipu no dia de São Miguel Arcanjo, em 29 de setembro, e a forte presença das famílias fundadoras Lins, Vieira e Albuquerque.
Um ponto alto da história cultural da cidade é a visita de Dom Pedro II ao Engenho Oiteiro, em 1859, um evento que ficou registrado na memória local e serviu de inspiração para o escritor José Lins do Rego. A igreja matriz, construída em 1875 pelo vigário José Antônio Rodrigues, segue até hoje como um marco histórico, representando a fé e a herança da cidade.
Atualmente, São Miguel de Taipu, ainda fortemente ligada às suas tradições agrícolas, busca caminhos para diversificar sua economia e aproveitar seu potencial turístico. A cidade oferece um cenário ideal para o desenvolvimento de atividades ligadas ao ecoturismo e à exploração de seu patrimônio histórico-cultural, criando um futuro em que o passado e a modernidade coexistem harmoniosamente.
Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas