Santa Rita: Do Engenho Tibiry à Modernidade

Photo by Palmarí H. de Lucena
Santa Rita: Do Engenho Tibiry à Modernidade

A história de Santa Rita está profundamente entrelaçada com as transformações econômicas, políticas e culturais da Paraíba, desde o período colonial até os dias atuais. Inicialmente dominada pelos engenhos de açúcar, conhecidos como bangüês, a cidade foi, por muito tempo, palco do poder das oligarquias açucareiras, entre elas a família do Coronel Chico Carvalho. Desde a elevação à Vila até as eleições de 1924, essas elites controlavam a economia e a sociedade, moldando o desenvolvimento local em torno da produção açucareira.

Com o tempo, contudo, a paisagem econômica começou a se modificar. No pós-guerra, a urbanização acelerada, o crescimento populacional e a diversificação da economia, com o surgimento de novos setores como o comércio, o artesanato e a agricultura familiar, abalaram a hegemonia dos engenhos. Esse processo culminou na ascensão das usinas de açúcar, que marcaram uma nova fase no município, sob a liderança de figuras como Dr. Flávio Ribeiro Coutinho, cuja influência foi tão profunda que o levou a governar a Paraíba em 1956. O domínio de Coutinho foi desafiado pela histórica campanha “Tostão contra o Milhão,” promovida pela Frente Popular, pondo fim ao ciclo do udenismo e abrindo caminho para uma nova era política em Santa Rita.

A cidade, porém, possui raízes ainda mais antigas. Já no século XVI, a região desempenhava um papel estratégico na conquista da Paraíba. Em 1580, o Forte Velho foi erguido para vigiar piratas franceses interessados no pau-brasil, enquanto o Engenho Real Tibiry, um dos primeiros da capitania, era fundado nas proximidades dos bairros atuais de Várzea Nova e Tibirí Fábrica. O engenho, movido pela força da água, representava o ápice da tecnologia da época, e o nome Tibiry homenageia uma tribo indígena local.

Santa Rita é um dos núcleos de povoamento mais antigos da Paraíba, ficando atrás apenas de João Pessoa e sendo pioneira na economia açucareira. No auge dessa era, a cidade abrigava quase 30 engenhos, destacando-se como uma das regiões mais produtivas do Nordeste. Em 1892, Santa Rita também deu um passo importante na industrialização da Paraíba ao receber a Companhia de Tecidos Tibiri (CTP), que gerou centenas de empregos e atraiu trabalhadores de várias regiões, contribuindo para a formação de bairros operários, como Santa Cruz e Popular.

Com o avanço da industrialização e a expansão urbana, a vida cultural de Santa Rita floresceu. A cidade preserva tradições religiosas, como a festa de Santa Rita de Cássia, que atrai fiéis de várias localidades, além de sediar festivais de música e eventos de artesanato, que celebram a diversidade cultural da comunidade. A economia local, cada vez mais diversificada, se beneficia da interseção entre a agroindústria e o comércio, além da instalação de novos polos industriais, consolidando Santa Rita como um centro dinâmico de desenvolvimento na Paraíba.

Em 19 de março de 1890, Santa Rita conquistou sua emancipação, um ano após a Proclamação da República, e desde então, a cidade passou de um centro agrícola colonial para uma força econômica regional. A sua trajetória histórica, marcada por transformações profundas e resistência, reflete a luta por autonomia e o espírito de inovação que continuam a definir a identidade desse importante município paraibano.

Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas

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