Em um clima político marcado por temores de violência, defensores da democracia e da integridade das instituições do estado democrático, estão revigorados com o fato de que a maioria dos candidatos republicanos derrotados nas eleições de 08 de novembro, não seguiram a cartilha negacionista e antidemocrática do ex-presidente Trump. Tsunami vermelho [republicano] anunciando pelo trumpismo, nunca se materializou devido à resistência democrática e fadiga com as narrativas extremistas do direitismo. Perdedores das eleições americanas deste ano, estão recebendo elogios por fazer algo que seria totalmente normal no passado recente, admitir a derrota.
Candidatos que não sucederam nas eleições, estão oferecendo concessões rápidas e elegantes, parabenizando seus oponentes, incluindo a maioria daqueles que ganharam o apoio de Donald Trump, abraçando falsas alegações de que as eleições americanas são fraudadas contra os republicanos. Ao não seguir narrativas mentirosas e teorias de conspiração sobre o sistema eleitoral, candidatos aceitaram derrota nas urnas, tranquilizando defensores da democracia, temendo que o precedente estabelecido pelo ex-presidente, fosse usado para negar a derrota em outras eleições.
Espelhando a farsa manufaturada pela direita americana, que culminou na invasão do Capitólio, em 06 de janeiro de 2021, Jair Bolsonaro colocou em dúvida reiteradamente a segurança das urnas eletrônicas, postura inadequada de cumplicidade silenciosa com movimentos antidemocráticos, propondo a tutela inaceitável das forças armadas sob instituições do estado democrático e ameaçando rejeição do resultado das eleições, caso de derrotado nas urnas. Após as eleições serem certificadas como limpas, justas e seguras, a falta de aceitação tácita do presidente dos resultados eleitorais, continua dando vazão a badernagem, desagregamento social e movimentos golpistas
Democracia depende do reconhecimento da legitimidade de derrota a exemplo do candidato Tim Ryan, que ao perder para seu oponente republicano, afirmou, “[…] a maneira como este país opera é que quando você perde uma eleição você concede. Você respeita a vontade do povo. Não podemos ter um sistema em que, se você ganhar, é uma eleição legítima e, se você perder, alguém a roubou”. A civilidade e espírito democrático imbuídos na aceitação de resultados eleitorais nos Estados Unidos, oferecem uma alternativa para aqueles brasileiros ora envenenados pelo extremismo antidemocrático, uso indevido dos símbolos das Pátria como objetos partidários e participação em atos golpistas disfarçados como direito à liberdade de pensamento e de expressão. É hora de ir em frente!
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores