República de Godzilla

Devorando um terço da produção interna do país, regurgitando uma mistura pouco atraente de serviços de péssima qualidade, a voracidade desleixada do Estado Brasileiro é tão avassaladora como o temido monstro Godzilla. Arrecadando demais, muitas vezes injustamente, todos níveis do governo gastam excessivamente com notória ineficiência, gerando uma carga tributaria equivalente a 33% do PIB. Fardo tributário excedendo o padrão médio de cerca de 20% dos países em desenvolvimento, inferno fiscal vulnerável aos encantos dos paraísos fiscais.

O país deve realizar a arrumação das contas públicas através do controle e boa gestão das despesas, já que a tributação além de excessiva é um tópico da alta toxidade política. Será necessário contrair mais divida para financiar o funcionamento normal do governo, se o gasto público continuar crescendo desenfreadamente, estorvando o retorno ao crescimento. Burocracia excessiva, instituições disfuncionais e uma infraestrutura precária, são outros fatores contribuindo para a baixa eficiência brasileira.

Um dos aspetos mais preocupantes da situação brasileira, é o descompasso entre o aumento considerável na educação nos últimos trinta anos e o avanço pouco significativo da produtividade, reflete a baixa qualidade da formação nos níveis fundamental e médio, como também empenho insuficiente na implantação de bons cursos profissionalizantes. Algumas vezes, investimentos na educação têm sido usados de forma improdutiva, motivados ou destorcidos por vantagens políticas ou econômicas.

O eleitor deve demandar um reconhecimento precoce desses problemas pelos candidatos à Presidência e claridade nas propostas, para a redução da insegurança nos setores produtivo e financeiro. Debates presidenciais devem fomentar um ambiente econômico melhor para o próximo governo, mesmo quando emoldurados na narrativa de campanha. Retórica do medo e incerteza desencorajam novas investimentos e magnificam a gravidade dos perigos inerentes à crise político-econômica da atualidade.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores