A postura do governo brasileiro diante da inabilitação da candidatura de Maria Corina Machado para as eleições presidenciais na Venezuela é preocupante e merece revisão. É lamentável que, mesmo após muitos dias da decretação dessa medida antidemocrática, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não tenha se manifestado oficialmente.
Países como Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador já condenaram e impuseram sanções diante dessa decisão antidemocrática, tornando ainda mais inaceitável a falta de posicionamento claro do Brasil. O fato de o Brasil ter historicamente apoiado o governo venezuelano e estar alinhado ao chavismo torna esse silêncio ainda mais preocupante.
A inabilitação de Maria Corina Machado é um retrocesso na democracia da Venezuela, e o governo brasileiro precisa se pronunciar oficialmente a respeito disso. Ao não tomar uma posição clara, o Brasil levanta suspeitas de que esteja trabalhando para reabilitar o governo de Nicolás Maduro na América do Sul, como evidenciado pela recepção do ditador em Brasília no ano passado. A posição de Lula em relação a Maduro na época provocou protestos dos presidentes do Uruguai, Luís Lacalle Pou, de centro-direita, e do Chile, o esquerdista Gabriel Boric.
A justificativa do Itamaraty de que é prematuro se posicionar agora, já que ainda falta tempo para as eleições, é insuficiente. Medidas antidemocráticas como essa devem ser repudiadas imediatamente, independentemente do prazo eleitoral. É hora do Brasil, um país orgulhoso de sua tradição democrática, defender a liberdade e os direitos políticos na Venezuela.
O governo brasileiro precisa se manifestar oficialmente contra a inabilitação de Maria Corina Machado e unir-se aos outros países que condenaram esse ato autoritário. O Brasil não pode se omitir diante de violações da democracia em nossa vizinhança.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores