Politizando o aquecimento global

Se o mundo está ficando mais quente, porque, então, está fazendo tanto frio nos EUA, indagou o Presidente Trump em uma diatribe pondo em dúvida o fenômeno de aquecimento global. A retórica “negacionista” do mandatário norte-americano tem acólitos em muitos países, especialmente entre políticos inclinados a fantasias conspiratórias sobre políticas e ativismo meio ambiental. Manipulando muitas vezes os conceitos de tempo e clima, para justificar posições ideológicas. A maioria dos cientistas afirmam que é erro usar dias frios para negar aquecimento global, reiterando que esse fenômeno existe e que seus efeitos estão nos afetando de uma maneira gradual.

Conceitos de tempo e clima têm significados diferentes na ciência da meteorologia: o tempo se refere às condições atmosféricas registradas por um evento de alcance específico, como a recente onda de calor na Europa. O clima é uma visão mais prolongada e completa dos padrões de tempo, tendo como referência as condições que prevalecem em uma região ou em toda Terra, devidamente estudadas com rigorosa análise de tendência históricas, ou seja, cientistas usam como referência à situação do planeta como um todo, ao longo do tempo. O aquecimento da temperatura média da Terra se atribui aos gases de efeitos estufa produzidos por ação humana.

Secas, enchentes e furacões na medida que se tornem mais frequentes, forçarão populações mais pobres do planeta a optar pela fome ou migração, ambas devastadoras sobre o ponto de vista humanitário. A ONU relatou recentemente que estamos correndo o risco de criarmos um “apartheid climático”, países mais ricos mitigando os rigores de climas extremos, fome e conflitos, enquanto o resto do mundo é condenado a sofrer suas consequências. Negando o problema do aquecimento global com viés ideológico e pouca consideração pelos achados científicos sobre o problema, é negar que estamos na encruzilhada de um mundo menos justo, mais perigoso e certamente mais pobre.

Palmarí H. de Lucena, membro da UBE