Política é o novo esporte

Transitando pelas ruas da cidade e pequenos lugares no seu entorno encontramos poucos vestígios ou demonstrações do verde-amarelíssimo, que caracterizam o começo de mais uma Copa do Mundo. Símbolos pátrios esquecidos independentemente do sucesso do Brasil no final do certame. Corremos o risco de vivermos mais um longo período de hibernação patriótica, com devida vênia aos triunfos do passado e ao moribundo brilho dourado do danificado manto de rei soberano do universo do futebol.

Peripécias e contradições na elite politica estão substituindo o futebol como o novo esporte de expectadores do povo brasileiro. Discursões e os bate-bocas infames são agora dirigidas a players da equipe do STF, capitães de agremiações partidárias acusadas de corrupção ou a possibilidade de rebaixamento do Temer Boys, o “cavalinho” mais impopular do inusitado campeonato. A reportagem policial se transformou num substituto crível das resenhas e comentários esportivos de alhures, o valor das propinas excedendo as mais estrambólicas transações de craques do futebol.

Temos hoje torcidas organizadas de portadores de cargos de confiança, decisões monocráticas sobre pedidos de habeas corpus de notáveis suspeitos de corrupção e organizações criminosas político-partidárias. Vivemos um clima de descrença sobre nossa futuro e os benefícios da democracia. Enquanto a Seleção Nacional compete na Rússia, 53% dos brasileiros vêm nossa participação com cinismo e desinteresse.

Chamas de descrença alimentadas pelo uso da máquina política para ganho pessoal e as oligarquias politicas que nos levaram a degradante situação em que nos encontramos. ” A família patriarcal é a dominação primeira do Brasil e se pode perceber a sobrevivência desse grande patrimonialismo até hoje na política brasileira”, nos alertou Gilberto Freyre. Torna-se imperativo usar o poder do sufrágio para rechaçar composições político-partidárias, formadas com o objetivo de perpetuar feudos políticos e franquear benesses do Erário à membros das oligarquias partidárias.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira d Escritores