Pilar: Terra de inconfidentes, cultura e história de amor à liberdade

Photo by Palmarí H. de Lucena
Pilar: Terra de inconfidentes, cultura e história de amor à liberdade

O povoamento do atual município de Pilar teve início com a presença dos Jesuítas em 1670, acompanhados pelos índios Cariris, que fundaram um colégio na região. Esse marco foi crucial para atrair garimpeiros em busca das riquezas minerais locais. Por volta de 1758, a cidade passou por uma importante transição econômica quando a Metrópole suspendeu a indústria aurífera local, levando ao destaque da cana-de-açúcar como principal atividade econômica. Essa mudança econômica trouxe prestígio para Pilar, evidenciado em 1859 pela visita do Imperador Dom Pedro II, hospedado no solar do Barão de Maraú durante sua estadia na cidade.

A história de Pilar também está ligada ao Engenho Corredor, local de nascimento de José Lins do Rego Cavalcanti em 3 de junho de 1901. Autor de 12 romances, o escritor é reconhecido pelos cinco livros do “Ciclo da cana-de-açúcar”, que retratam a decadência dos engenhos de açúcar no Nordeste brasileiro, sendo obras clássicas da literatura nacional. O escritor foi um membro destacado da sociedade brasileira, tendo sido eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1955. Seu legado artístico e intelectual permanece vivo não apenas em seus romances, mas também na adaptação de suas obras para o cinema e televisão, como a minissérie “Riacho Doce”.

Manoel Clemente Cavalcanti de Albuquerque, natural de Pilar, teve papel relevante como preso político durante a Revolução Republicana de 1817, que teve impacto tanto na Paraíba quanto em Pernambuco. Ele se destacou ao unir-se aos liberais constitucionalistas de Pernambuco na Junta de Goiana, que cercou Recife em 1821 e depôs o governador português Luiz do Rego Barreto, forçando-o a partir para Lisboa.

A renomada atriz Zezita Matos, filha de Pilar, conhecida como a Primeira-Dama do Teatro Paraibano, tem uma carreira no teatro, televisão e cinema marcada por performances memoráveis e reconhecimento nacional e internacional. Sua versatilidade e habilidade interpretativa foram fundamentais para sua ascensão no cenário artístico, como no filme “Deserto Particular”, que teve grande repercussão e foi escolhido para representar o Brasil na disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro.

Pilar também oferece pontos turísticos como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, o Alto da Imaculada Conceição de Maria, pontes históricas sobre o Rio Paraíba e monumentos como a Fundação Menino de Engenho. Recentemente, a cidade também serviu como cenário para as gravações do filme “O Sertão Vai Vir ao Mar”, evidenciando seu potencial cultural e cinematográfico.

A restauração do Engenho Corredor e a valorização da participação de figuras locais em movimentos independentistas e republicanos são importantes para preservar a história e ensinar o patriotismo às novas gerações. Pilar, pioneira na luta pela liberdade, continua a ser fonte de orgulho e inspiração para seus habitantes. É fundamental entender que os princípios republicanos que motivaram essas ações só foram plenamente realizados décadas mais tarde, com a Proclamação da República em 1889. A persistente luta por liberdade republicana e autonomia política desses protagonistas representa um legado de grande importância para Pilar e região ao seu entorno.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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