Viajamos pela estrada de Pilões a Serraria em busca do passado, um museu a céu aberto dos ciclos de pobreza e riqueza em séculos passados, herança perpetuada pelos casarões coloniais, teatros históricos, igrejas, alambiques famosos e obras dos seus ícones culturais. O turismo está criando um novo ciclo econômico, nos dias de hoje, propulsionado por eventos e celebrações sazonais, expansão de condomínios, aproveitamento de recursos naturais e estruturas antigas para atividades de cultura e lazer. Progresso que também contribuí para a degradação meio ambiental e urbanização desordenada, ameaçando uma herança patrimonial de edificações e sítios históricos.
Estradas rurais ziguezagueiam o topo da serra, escondendo em suas matas, topografia acidentada e nevoeiros, fazendas antigas e engenhos, alguns ainda produzindo aguardente e rapadura. Um pequeno grupo de empresários planejando ou investindo com devida cautela em projetos de valorização econômica de suas propriedades, desafiando limitações impostas pela falta de politicas públicas de fomento e viabilização do turismo rural e a requalificação de imóveis históricos de forma sustentável.
Serraria é um bom exemplo do potencial turístico da microrregião do Brejo Paraibano, privilegiada em situar-se na parte mais elevada da cordilheira oriental da Borborema, clima agradável, belas paisagens e a presença de um rico patrimônio agroindustrial dos ciclos do café e da cana de açúcar. Os engenhos Laranjeiras, Baixa Verde, Martiniano e Santo Antônio formam as raízes profundas de um futuro viabilizado pelas riquezas do passado. Restauração e preservação de sítios históricos auguram positivamente para um renascimento cultural e a valorização das tradições do Brejo Paraibano.
Exuberância do Engenho Baixa Verde projetando-se contra o verde-cinza da paisagem emergindo da poeira vermelha da estrada, mistura de uma miragem e estruturas de beleza imensurável, um museu cuja coleção principal é a riqueza patrimonial e história espalhada dentro das edificações, casa grande, senzala, engenho, jardins e salas com pisos de mosaicos multicoloridos. Doublé de empresário e griô, o proprietário investe na preservação do sitio histórico, mata virgem no seu entorno, valorização da cultura tradicional e história de Serraria.
Lamentavelmente, o entusiasmo empresarial é temperado pela pobreza e decadência da região, contrastando a beleza dos campos e a presença de um inestimável patrimônio histórico, pobreza nas serras e curvas da estrada escrevendo um cenário social devastador, combinando decadência econômica incipiente, caprichos do clima, efeitos nocivos da pandemia. Agruras de um caminho pavimentado pelo descaso do Poder Público. Vidas entregues a graças de Deus ou ao auxilio emergencial do Governo.
Palmarí H. de Lucena, membro Uniao Brasileira de Escritores
Também me enterneço pela beleza pungente das paisagens brejeiras (no clima e no traçado das cidades, ruas e casas antigas), mas principalmente pelo seu povo. Tão pobre, e ao mesmo tempo, tão digno
Ótimo esse passeio pelas lindas paisagens da Paraíba.