Perigosa fragmentação global da internet

Perigosa fragmentação global da internet

Não é segredo que a Internet tem experimentado uma fragmentação gradual à medida que governos nacionais, provinciais e até municipais buscam regulamentar ou tributar atividades na Internet dentro de suas jurisdições. Essa tendência de afastamento de uma Internet global e sem barreiras tem sido tanto promovida quanto combatida por uma coalizão variável de países em desenvolvimento, empresas de tecnologia, países desenvolvidos e ONGs, todos alimentados por geopolítica e interesses próprios. 

Essa fragmentação da Internet traz preocupações significativas. Primeiro, ela limita o acesso à informação e ao conhecimento para aqueles que estão em países em desenvolvimento ou com governos autoritários. Quando um governo tem controle sobre o fluxo de informações na Internet, ele pode restringir o acesso a determinados sites, conteúdos e opiniões, violando assim a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa.

Além disso, a fragmentação da Internet dificulta a cooperação global e o comércio internacional. Com diferentes países adotando suas próprias regulamentações e tarifas, empresas de tecnologia, pequenas empresas e empreendedores enfrentam barreiras desnecessárias para expandir seus negócios globalmente. Isso prejudica a inovação, impede o desenvolvimento econômico e cria desigualdades entre países.

É importante reconhecer que existem preocupações legítimas relacionadas à privacidade e à segurança na Internet. No entanto, a resposta adequada a essas preocupações não é fragmentar a Internet, mas sim promover a cooperação global e a criação de padrões internacionais. Essa abordagem permitiria proteger a privacidade e a segurança dos usuários, enquanto também garantiria o fluxo livre de informações e a expansão do comércio digital.

É crucial que governos, empresas de tecnologia, organizações da sociedade civil e cidadãos em geral se engajem nesse debate e defendam uma Internet global e sem barreiras. A colaboração internacional e o respeito aos direitos humanos devem ser os princípios norteadores na busca por soluções para os desafios da era digital.

Em última análise, a fragmentação da Internet representa uma ameaça à liberdade, à inovação e ao progresso. É responsabilidade de todos nós defender uma Internet aberta, inclusiva e global, onde a informação possa fluir livremente e as oportunidades sejam acessíveis a todos, independentemente de sua localização geográfica. 

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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