Em meados de 1680, André Vidal de Negreiros, então capitão-geral, fez um gesto que atravessaria gerações: alterou seu testamento para doar o Engenho Novo de Goiana à Nossa Senhora do Desterro de Itambé. Com essa doação, esperava criar uma confraria de iguais, onde a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa desempenharia um papel central. Porém, o curso dos acontecimentos desviou para um caminho sombrio. O padre designado para administrar a herança desviou recursos para si, e a capela, outrora um símbolo de fé, foi deixada ao abandono, com suas imagens sagradas recolhidas a um celeiro esquecido.
Nos arredores dessa capela abandonada, nasceu um pequeno povoado chamado Desterro. Entretanto, o local não prosperou, e seus habitantes migraram para um novo assentamento: Pedras de Fogo, surgido de uma modesta feira de gado. Com o passar do tempo, a vila de Pedras de Fogo foi desmembrada do município de Pilar em 1860, iniciando assim sua trajetória como um município independente. Em 1953, a cidade conquistou sua emancipação política, consolidando sua relevância na história da Paraíba.
Pedras de Fogo não é apenas um lugar marcado por suas profundas raízes históricas, mas também um vibrante centro cultural. A cidade é reconhecida por manifestações culturais como o Cavalo-Marinho, um teatro popular que combina música, dança e poesia. Essa tradição, firmemente enraizada na comunidade local, é preservada por grupos como o Cavalo Marinho Boi de Ouro, liderado pelo Mestre Araújo. A transmissão dessa riqueza cultural de geração em geração mantém viva a alma da cidade.
No campo econômico, Pedras de Fogo sempre se sustentou em uma base agrícola robusta, complementada pelo comércio local. Atualmente, a administração pública, a agropecuária e os serviços são os principais pilares da economia municipal. A cidade mantém uma relação estreita com Itambé, em Pernambuco, refletindo uma história compartilhada antes da separação política.
A preservação do patrimônio histórico e cultural é uma prioridade para os habitantes de Pedras de Fogo. O Santuário de Nossa Senhora da Conceição é um exemplo importante dessa herança religiosa e cultural. Em Pedras de Fogo, o passado e o presente se entrelaçam, criando uma tapeçaria rica de experiências para seus moradores e visitantes, onde as tradições antigas continuam a moldar a identidade da cidade.
Assim, Pedras de Fogo não é apenas um ponto no mapa, mas um testemunho vivo da interação entre história, cultura e identidade. Essa cidade reflete a complexidade de sua formação e o orgulho de um povo que preserva suas raízes enquanto avança em direção ao futuro.
Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas