Os misseis de Trump

Críticos do estilo de gestão do Presidente Trump e seus acólitos na Casa Branca, comparando o desempenho errático dos noviços políticos com episódios dos Keystone Kops, um grupo de policiais comicamente desastrados popularizados em comédias do cinema mudo. Mantendo a retórica da campanha como um escudo protetor da falta de preparo, de curiosidade intelectual e a ira embutida nas suas decisões, o portentoso bilionário correndo o risco de transformar-se no bobo da sua própria corte

Governando e propondo políticas através de factoides e truísmos disseminados pelo Twitter e propostas esdrúxulas resultando em acachapantes derrotas no Judiciário e no Legislativo. Condenando à morte programas sociais e meio ambientais com os arabescos de sua assinatura, gestos de ilusionista e o narcisismo inerente à sua vontade de impor sua verdade a qualquer custo, mesmo com ajuda de falsidades e mentiras.

Barbárie do massacre de crianças com armas químicas apresentou uma oportunidade única para tirar os Estados Unidos do fundo do poço político e status de quase-paria, pelo anunciado desengajamento do conflito da Síria e o tratamento discriminatório de seus refugiados. Lançamento de 59 mísseis de cruzeiro contra uma base aérea parcialmente ocupada, evitando danificar as pistas usadas pelas aeronaves sírias nos ataques de gás tóxico contra populações civis. Um novo marco diplomático?

A reação bélica tempestuosa não sugere ou justifica a noção de que temos diante de nós uma nova estratégia americana no Oriente Médio após consumir o sangue de milhares de americanos e trilhões de dólares nos últimos quinze anos. Donald Trump possivelmente optará por ações similares sem considerar a sustentabilidade de uma guerra tecnológica a larga distância. Sabedoria convencional sugere que nenhum presidente americano sofrerá desgaste político por lançar mísseis contra alvos distantes ou personalidades como Osama Bin Laden. Opção atrativa para uma personagem midiática que transforma fanfarronada em virtude e chavões eurocêntricos em verdade.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores