O vírus da xenofobia

O vírus da xenofobia

Xenofobia é um dos efeitos colaterais mais nocivos de uma pandemia, o corona vírus poderia ter sido diferente em um mundo globalizado, no entretanto, lideres populistas saboreiam a crise como uma oportunidade de propagar teorias de conspiração, chauvinismo, animosidade racial e o uso de medidas sanitárias para camuflar protecionismo. Desde o começo do surto do corona vírus (e da doença ele causa, a COVID-19), retorica e episódios de racismo contra cidadãos do Leste Asiático e da China, em particular, têm sido alimentados por metáforas tóxicas de políticos extremistas através de redes sociais e fake news dirigidas as suas bases eleitorais.

A gripe espanhola não teve origem na Espanha, no entanto, for assim chamada devido a neutralidade do país na Primeira Guerra Mundial, cujos jornais, sem censura, publicavam noticias sobre a doença. Durante a febra amarela nos EUA em 1863, imigrantes europeus foram estigmatizados por serem supostamente mais vulneráveis a doença. O SARS, que começou na China, provocou reações negativas contra cidadãos do Leste Asiático. No surto do Ebola, propaganda política com viés racista demandou a exclusão de cidadãos africanos. O COVID-19, está sendo usado como propaganda por políticos populistas, apesar de muitos deles subestimarem seu impacto e letalidade.

Enquanto o vírus se alastra pelo mundo, a xenofobia que ele fomenta se mistura rapidamente com as condições políticas nos países afetados, agudizando as reações da população e da classe política. Extremistas na Alemanha, França e Espanha usam o surto para demandar drásticas restrições a imigração, inclusive a suspensão da política de fronteiras abertas da União Europeia, conhecida como a Área Schengen.O Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que “estigma […] é mais perigoso do que o próprio vírus”. Apesar da posição da ONU, Donald Trump, seus acólitos no Brasil e lideres populistas, continuam insistindo em usar retórica racista para politizar o novo corona vírus, e não, como um problema sanitário global.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores