Política, em uma democracia, é sobre interesses e sobre princípios. Reconhecimento e aceitação da existência simultânea de grupos diferentes com suas próprias agendas e opiniões, é essencial para manter a ordem e o bom funcionamento de uma sociedade diversa e democrática. Ditaduras usam o autoritarismo e a força bruta para alcançar seus objetivos sem nunca considerar a política como uma alternativa para equilibrar, reconciliar ou harmonizar interesses diversos. Política requer a observância de regras estabelecidas por uma constituição ou costumes para chegar a compromissos de uma maneira em que todas as partes considerem legítima.
O fator limitante da política é que nem sempre as pessoas vêm claramente seus benefícios em relação às suas aspirações. Decepção com a política é algo normal em uma democracia, daí a noção de que o processo democrático é uma reunião que nunca termina. Crescente viés antipolítica de grupos ou segmentos do eleitorado nas democracias ocidentais, principalmente nos Estados Unidos, estão massificando atitudes contrárias aos compromissos e acomodações da política. Querem candidatos com pouca experiência ou convivência com mecanismos democráticos. Refutam a legitimidade de interesses ou opiniões opostas e ignoram o fato de que a política seja uma atividade limitada. Populismo com promessas exageradas e expectativas não realizáveis é a principal arma usada para chegar e manter-se no poder.
O sucesso da campanha incerimoniosa de Donald Trump sinaliza uma crescente tendência pela antipolítica e pelo populismo truculento, sobre qualquer forma de compromisso ou acomodação entre republicanos e democratas. Eleitores estes, não estão procurando um processo politico para atender as suas necessidades e aspirações, eles querem um super-herói. Um homem branco que entende e apoie a ira do homem branco contra tributação, quotas raciais, imigração, inclusão social e multilateralismo.
Palmarí H. de Lucena é membro da União Brasileira de Escritores