O Ritual das Novidades: O Novo iPhone e a Rota Familiar da Inovação

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O Ritual das Novidades: O Novo iPhone e a Rota Familiar da Inovação

Na mais recente apresentação, a Apple revelou o novo iPhone, junto com atualizações para os AirPods e o Apple Watch. Desde o início da pandemia, o formato pré-gravado se tornou padrão, com cenas cuidadosamente coreografadas e discursos impecavelmente ensaiados.

Por mais de uma hora e meia, a Apple exibiu funções cotidianas e profissionais, como o gerenciamento de e-mails e a produção de vídeos, agora facilitadas por melhorias incrementais. No entanto, o que foi celebrado como um “dia notável de anúncios”, nas palavras de Tim Cook, mais pareceu uma repetição disfarçada dos anos anteriores.

De fato, há mudanças nos produtos. Mas explicá-las é um exercício de paciência.

Estamos na 16ª geração do iPhone e na 10ª do Apple Watch, agora com titânio de grau 5 e uma câmera de fusão de 48 megapixels. Mas, atrás desses números, o que realmente mudou? A busca por inovações radicais deu lugar a uma previsibilidade confortável, um progresso contido.

Eu mesmo, com meu iPhone 12 Pro de 2020, me vejo “atrasado” para as atualizações constantes. Meu aparelho ainda cumpre bem suas funções: envio e apago e-mails, assisto a vídeos e faço pedidos de comida. Então, o que mudar? A resposta parece ser o Apple Intelligence, a nova aposta em inteligência artificial generativa. Sim, soa impressionante, com a promessa de resumir e-mails e criar emojis personalizados. No entanto, a impressão que fica é de que esse ciclo de atualizações é mais uma obrigação que uma necessidade.

O iPhone segue sua evolução estética e funcional, incorporando elementos antigos como o botão dedicado para fotos, algo que lembra as câmeras analógicas. O Apple Watch, por sua vez, agora exibe o ponteiro dos segundos, recurso presente em relógios de pulso há séculos. E os AirPods, além de serem fones de ouvido, podem até funcionar como tampões.

É inevitável que os smartphones continuem a reaproveitar inovações do passado, apresentando-as como novidades. E nós, enquanto consumidores, seguiremos desejando essas “novidades”, mesmo que com uma certa dose de ceticismo. No final das contas, a cada ano, essas inovações parecem mais familiares — e cada vez menos essenciais.

Palmarí H. de Lucena

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