As eleições presidenciais na Venezuela, realizadas em 28 de julho, geraram uma crise política que mobilizou países vizinhos, como Brasil e Colômbia, a buscar soluções urgentes. Na quinta-feira (15/8), os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Gustavo Petro (Colômbia) se manifestaram, propondo, entre outras medidas, a realização de novas eleições—a proposta, porém, foi rapidamente envolta em controvérsias.
Em um movimento diplomático fora do comum, Lula declarou que não reconhece os resultados eleitorais na Venezuela, exigindo a divulgação das atas eleitorais. No dia seguinte, 21 países, junto com a União Europeia, emitiram uma nota conjunta solicitando a publicação dos registros e repudiando a repressão aos manifestantes.
Lula sugeriu que Nicolás Maduro, atual presidente venezuelano, deveria convocar novas eleições com a participação de todos os candidatos e sob supervisão internacional. Petro, por sua vez, propôs um pacote de medidas que inclui o levantamento de sanções, anistia geral e a formação de um governo de coalizão transitório.
Essas propostas, no entanto, enfrentam forte resistência interna. A líder da oposição, Maria Corina Machado, criticou a ideia de novas eleições, classificando-a como uma “falta de respeito” ao povo venezuelano. Maduro rejeitou prontamente as sugestões, condenando o que considera interferência externa.
A crise na Venezuela é marcada por profunda instabilidade e por disputas sobre a legitimidade dos resultados eleitorais. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro vencedor, mas a oposição, baseando-se em suas próprias atas eleitorais, afirma que Edmundo González foi o verdadeiro ganhador.
Sem a divulgação das atas eleitorais, a legitimidade dos resultados permanece nebulosa. A diplomacia brasileira, liderada por Celso Amorim, sugeriu que novas eleições sob monitoramento internacional poderiam resolver o impasse. Contudo, a proposta de anistia geral encontra obstáculos, principalmente devido às sanções internacionais contra Maduro.
O tempo é um fator crucial nesse cenário. Com o mandato de Maduro se encerrando em janeiro de 2025, a diplomacia brasileira busca uma solução que evite uma ruptura abrupta e mantenha o diálogo com a Venezuela.
Enquanto isso, a repressão aos manifestantes continua, com relatos de mortes e prisões arbitrárias. A ONU e outras organizações de direitos humanos expressaram grave preocupação com o uso desproporcional da força pelo governo Maduro.
Em resumo, o impasse nas eleições venezuelanas coloca a diplomacia regional à prova, exigindo soluções criativas que respeitem a soberania venezuelana e evitem a escalada do conflito.
Palmarí H. de Luccna