Conde: Fusão de Histórias, Culturas e Paisagens Naturais

Photo by Palmarí H. de Lucena
Conde: Fusão de Histórias, Culturas e Paisagens Naturais

O município de Conde, situado no coração do litoral sul paraibano, é mais do que um ponto geográfico privilegiado. Ele carrega em suas terras a convergência entre história, lendas e a riqueza das culturas indígenas e coloniais. A narrativa desse lugar é tecida por séculos de encontros e desencontros, começando pelas raízes na Aldeia Jacoca, onde os índios Tabajaras viviam e os Missionários Franciscanos assumiram sua administração em 1589, logo após sua chegada à Paraíba.

Contudo, a história de Conde se torna ainda mais interessante com a fusão entre a aldeia de Jacoca e Pindaúna, território dos Potiguaras, durante a ocupação holandesa. Esse período, iniciado em 1636, imprimiu marcas indeléveis na região. Sob o comando do capitão inglês John Harrison, a serviço dos holandeses, nasceu o povoado de Maurícia, ou “Mauricéia”, em homenagem ao Conde Maurício de Nassau. A importância estratégica desse local, entre as rotas de Recife e Filipéia de Nossa Senhora das Neves (hoje João Pessoa), o transformou num bastião da ocupação.

Com a expulsão dos holandeses e o retorno do domínio português, Maurícia foi promovida a Freguesia e, mais tarde, à condição de Vila, passando a ser chamada de Conde. Esse nome, carregado de mistério, suscita debates entre historiadores. Horácio de Almeida, por exemplo, sugere que a origem pode estar ligada à abundância da “Fruta do Conde” (também chamada de “ata” ou “pinha”) na região. Outros, no entanto, preferem manter a hipótese tradicional, que associa o nome ao administrador holandês.

A disputa sobre a origem do nome reflete a pluralidade que marca a história de Conde. Como tantas vilas coloniais, ela recebeu nomes inspirados nas tradições lusitanas. Mas o que torna Conde especialmente fascinante é seu constante renascimento. Após períodos de declínio, acentuados pela rivalidade com o vizinho Pitimbu, o município começou a retomar seu protagonismo no início do século XX, embalado por uma recuperação econômica que reavivou o ânimo de seus habitantes.

Hoje, Conde é sinônimo de exuberância natural e riqueza cultural. Suas praias, como Jacumã e Tambaba, são destinos conhecidos nacional e internacionalmente. Tambaba, em particular, tem seu lugar na história por ser uma das primeiras praias naturistas do Brasil. O turismo, que cresceu ao redor dessas paisagens deslumbrantes, tornou-se a principal fonte de renda local, sem, no entanto, apagar as profundas marcas culturais e históricas que moldam a identidade do município.

Conde, com sua trajetória marcada por fusões culturais, conquistas e renascimentos, continua a ser um farol no vasto patrimônio cultural da Paraíba. Entre mitos e fatos, ele segue contribuindo para a história do estado, traçando um caminho singular em sua jornada através do tempo.

Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas

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