O bafo de onça do dragão

Exportar barato e importar caro é o binômio do sucesso da economia chinesa, combinando salários baixos e uma moeda subvalorizada para alcançar uma taxa de crescimento espetacular. Aumentando linearmente suas exportações e ao mesmo tempo usando seu enorme mercado doméstico como uma isca para atrair ou pressionar companhias estrangeiras a transferir tecnologia de ponta para o país.

A China investe robustamente para manter sua moeda subvalorizada, criando assim inflação, uma preocupante inflação doméstica, uma crescente bolha imobiliária e reduzindo gradativamente sua competitividade. Companhias estrangeiras reclamam constantemente das restrições impostas ao investimento e comércio, que incluem demanda de transferência de tecnologia e fabricas. Politicas estas com impactos negativos a economia mundial e têm nutrido reações negativas nos parlamentos dos países industrializados e alguns emergentes. Analistas creem que estamos à borda de uma guerra de comércio, como uma consequência da adoção de medidas e procedimentos protecionistas. Temem os resultados contraproducentes, que indubitavelmente afetarão o crescimento da econômica mundial e o livre comércio entre blocos econômicos. O grande desafio para o Brasil é como adequar seu mercado de trabalho a simultânea intensificação da economia globalizada e a revolução da tecnologia da informação. Fenômeno evidenciado pela produção de componentes e peças anteriormente made in Brazil em diversas partes do mundo e o aumento da criação e produção de produtos e serviços por máquinas e software. A transferência de fábricas brasileiras de calçados para a China, é algo que evidencia esta tendência. O povo brasileiro se ressente, com certa razão, que a perda de empregos para a China afetará negativamente a nossa crescente classe média. Investimento na infraestrutura e equipamentos turísticos é, portanto uma alternativa viável e extremamente lucrativa para a nossa economia. Muitas vezes acontece que o governo argumenta que não tem recursos financeiros para adequar-se as novas realidades. Países, incluindo a China, usam a modalidade BOT {(construir, operar e transferir) para atrair financiamentos para operação de aeroportos, portos e parques de recreação e lazer. Durante nossas viagens a China, investidores demonstraram interesses em explorar parcerias para o treinamento massivo de jovens chineses em futebol e outros esportes. A presença de atletas de nível olímpico, no caso do voleibol de praia, poderia ser uma atividade extremamente rentável para a Paraíba, se disponibilizássemos de facilidades e serviços para turismo esportivo. O importante não é jogar dinheiro público em todas as ideais que se apresentem, inusitado que sejam, mas apoiar aquelas passiveis de parcerias com o setor privado e eventualmente autossustentáveis. Novas tarifas ou retaliações não trarão de volta as fabricas ou empregos perdidos para a China. O mais importante é direcionar nossos recursos técnicos e acadêmicos a serviço da inovação, transformação e competitividade da nossa força laboral no mundo globalizado. Devemos deixar de ser como fantasminha Pluft. Relutante, medroso, sempre procurando novos parceiros para proteger-nos das economias do mundo ocidental. Viveremos sempre debaixo do bafo de um dragão, não importa a nacionalidade ou o cheiro, se não nos transformarmos.