Passado o choque e estupefação causados pela implosão cívica de junho de 2013, um sismo de pouca intensidade seguido de tremores decrescentes geraram poucas mudanças na paisagem política. Transformadas no espelho e reflexo da revolta popular, as eleições de 2014 expuseram as limitações do sufrágio universal como um instrumento de mudanças profundas na representatividade do Congresso Nacional e na nomenclatura do poder publico, como um todo. Havíamos perdido a inocência, mas continuamos votando como inocentes…
Rápido declínio na popularidade da presidente e concomitante desencantamento com o desempenho e as políticas publicas por ela defendidas levam o povo de volta ás ruas desta vez demandando o impeachment da primeira mandatária. Provavelmente não seja prudente ou mesmo oportuno julgar a ausência de subsequentes manifestações massivas ou propagação viral como desengajamento do povo do momento político. A voz rouca das ruas silenciou, a ira popular se alastrando sutilmente pelo corpo enfermo.
As eleições de 2018 prometem ser diferentes, não devido aos resultadas de reformas ou uma explosão de virtuosidade democrática de candidatos ao mais alto cargo eletivo ou políticos aspirando os galhos mais baixos da árvore da democracia. Péssimas opções eleitorais auguram a repetição dos erros do passado, com um agravante: a incorporação de guerras culturais como o pano de fundo da mobilização política.
Teremos Lula, se elegível, contra qualquer anti-Lula, presidenciáveis enfraquecidas pela pulverização político-partidária causada pela Lava Jato e promiscuidade interpartidária ou opositores ao politicamente correto, prometendo o fim da vitimização da classe média. A ira popular podendo alavancar a seleção de um líder desagregador a lá Trump, incapaz de unir diversos setores da sociedade na busca de soluções duradouras para graves lacunas no bem-estar social e no progresso econômico da Nação. Muito barulho por mais barulho!
Palmari H. de Lucena, membro da UniãoBrasileira de Escritores