Teorias da conspiração, narcisismo e culto de celebridade são companheiros de viagem capazes de provocar ruptura social e subestimar instituições, quando amalgamados em pronunciamentos bombásticos, campanhas populistas ou mesmo questionamentos de políticas públicas. Exemplificando esta tendência, uma longa lista de celebridades, incluindo Robert de Niro, Charles Sheen, Alec Baldwin e até recentemente Donald Trump, legião de céticos questionando a segurança e eficácia da imunização contra o sarampo, sugerindo uma conexão entre a vacina e o autismo. Surtos de sarampo estão sendo atribuídos parcialmente ao impacto destas campanhas.
Pesquisadores tentando estabelecer os fatores psicológicos subjacentes à crença em conspirações, concluíram em 2015, que pessoas com alto nível de narcisismo são inclinadas a gravitar na direção delas, particularmente por aqueles de baixa autoestima. Outros pesquisadores sugeriram no mesmo ano, que existe uma correlação entre a crença em teorias da conspiração e a necessidade de sentir-se único. Pessoas com tendências narcisistas tendem a promover-se denegrindo outras pessoas, um viés facilmente observado nos teoristas da conspiração: aqueles que os questionam, são acusados de serem vítimas de propaganda enganosa.
Teoristas da conspiração são frequentemente apoiados por uma crença de que outras pessoas ou instituições estão tentando subestimar ou desafiar sua singularidade. Vivemos dias difíceis, nossa confiança no futuro e instituições que nos protegem está fragilizada. Terreno fértil para os mais narcisistas dos teoristas da conspiração se apresentam como salvadores da pátria, defensores da ordem e justiça, questionadores dos direitos humanos ou arautos de fake news sobre forças secretas tentando destruir a República. Normalizar narcisismo e converter teorias da conspiração em políticas públicas, nos expõe ao risco de transformar a democracia em sua própria antítese.
Palmarí H. de Lucena, membro da UBE