Nacionalismo de vacina

Nacionalismo de vacina

Disponibilizar amplo acesso a uma vacina contra o Covid-19 em outubro de 2020,  meta prioritária estabelecida pelo Governo Americano, para conter a rápida expansão da doença no País. Cronograma avaliado por especialistas como incrivelmente ambicioso, historicamente contrário a experiência adquirida em bem sucedidos esforços no desenvolvimento de uma vacina.  Dezenas de milhares de americanos morrendo e dezenas de milhões desempregados, a crise demanda uma resposta sem precedente, envolvendo parcerias do governo federal com o setor privado, financiamento de bilhões de dólares, apoio logístico e desburocratização do processo de licenciamento.

Pressão constante de um governo ansioso por uma bala de prata para superar a crise preocupa pesquisadores, que tentam assegurar equilíbrio entre demandas de mostrar resultados rápidos e o rigoroso cumprimento de normativas e procedimentos científicos. A rigidez e proximidade da data proposta,  enquadra-se nitidamente com a necessidade de Donald Trump anunciar algo positivo sobre Covid-19, antes da eleição presidencial.  

A indústria farmacêutica, por outro lado, se encontra espremida no meio de interesses contraditórios, desejando ter um produto no mercado com segurança e eficiência e ao mesmo tempo, temerosos do risco de mover-se rapidamente para ajustar-se a demandas político-eleitoreiras.  Fracasso de uma vacina poderia arcar graves consequências para a saúde pública, desvalorização das ações de empresas e um risco de reputação, que afetaria negativamente toda sua linha de produtos. 

Os Estados Unidos, a Inglaterra e a China, têm uma boa chance de desenvolver a vacina primeiro, no entretanto, alguns deles temem que, se chegarem a um acordo para compartilhara-la com outras nações, ficarão em uma posição politicamente vulnerável nos seus próprios países. A China aparenta ser o primeiro país a atravessar a linha de chegada, possivelmente lançaria uma ofensiva diplomática com a vacina sendo desenvolvido pela Sinovac, em parceria com o Instituto Butantã, financiada com termos brandos para países devastados pela pandemia e concomitantes problemas econômicos.

Seja qual for o resultado da corrida pelas vacinas, Covid-19 pode continuar se expandido, se a comunidade internacional não coalescer ao redor de uma aliança multilateral, para a produção e distribuição equitativa de vacinas para todos países, independente de poder econômico, político ou militar. Caso contrário, a globalização se encarregara de manter o ciclo vicioso da contaminação, perda de vidas humanas e recorrência da doença, causando estragos robustos a saúde e a economia mundial. Nunca foi tão verdadeiro e atual o ditado popular que diz: a união faz a força.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

Comentários

  • Marceleuze disse:

    Abordagem das múltiplas faces, que envolvem a condução e ps métodos das pesquisas, na busca da vacina contra o Covid.
    Permeando o trabalho científico, a presença dominante de interesses políticos e hegemônicos, das grandes potências.
    O alcance da meta, seria a moeda de troca mais valiosa do
    mundo, no momento.

  • Saulo Londres disse:

    Você sempre atento, cerebral e lúcido .
    Parabéns

  • Jesane Lucena disse:

    Todos nós torcemos pela produção de uma vacina para Covid e que chegue a todos os povos contaminados!mas a política que se apresenta visa apenas fins eleitoreiros!Deus tende piedade de todos nós!

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