Mogeiro, uma joia no agreste paraibano, revela-se não apenas pela sua simpatia e hospitalidade, mas também pelo espírito resiliente de seu povo batalhador. Suas qualidades, somadas a uma economia diversificada, fazem de Mogeiro um importante polo agrícola, com destaque na produção de amendoim, consolidando-se como o maior produtor desse cultivo no estado da Paraíba.
O desenvolvimento econômico da cidade ocorre em múltiplos ritmos, abrangendo indústria, comércio, serviços e, sobretudo, a agricultura. Às margens dos rios Paraíba e Camorim, a criação de peixes e camarões se desenrola como um ritual ancestral, enquanto a pecuária leiteira e a criação de aves e suínos mantêm viva a tradição rural local.
O cultivo agroecológico de frutas como o cajá e a cajarana demonstra o compromisso de Mogeiro com a sustentabilidade e a preservação de suas raízes. Seus aproximadamente 300 hectares de terras cultivadas abastecem mercados dentro e fora da Paraíba, destacando-se pela produção crescente de amendoim — motivo de orgulho que ecoa entre os habitantes.
Em termos culturais e históricos, Mogeiro ostenta uma profunda conexão espiritual. A Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, embora não seja formalmente uma catedral, é um marco da vida religiosa da comunidade. Sua arquitetura colonial tradicional e seu valor histórico a tornam um símbolo de fé, permeando a alma mogeirense por gerações.
Geograficamente, Mogeiro repousa na Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba, onde o Rio Ingá, junto aos riachos de Mogeiro e Poço Verde, nutrem suas terras férteis, garantindo a subsistência agrícola e o florescimento de sonhos. Esses corpos d’água, complementados pelos rios Paraíba, Cantagalo e Gurinhém, são essenciais para a diversidade produtiva do município, que em 2021 contava com 13.238 habitantes, conforme o IBGE — cada um carregando consigo a essência de uma comunidade profundamente enraizada na terra e na história.
As serranias que compõem a Serra da Borborema oferecem um cenário ideal para o turismo de aventura. Comunidades como Cabral, Benta Hora e Tamanduá não apenas enriquecem a paisagem natural, mas também preservam o legado cultural da região. Com suas formações geográficas singulares, como os vales e rios rasos, Mogeiro convida o visitante a vivenciar atividades como o rapel e trilhas pela mística Pedra do Convento. Ao mesmo tempo, casarios e igrejas do século 19 são testemunhas de um passado que resiste ao tempo e ao esquecimento.
A riqueza cultural de Mogeiro é palpável. Festividades como cavalgadas, vaquejadas, mamulengo e o artesanato em cerâmica representam a força criativa da população. Já repentistas, violeiros e emboladores de coco mantém viva a tradição oral, ecoando pelas praças e ruas um patrimônio imaterial vibrante e carregado de poesia.
O nome “Mogeiro” tem suas origens ligadas ao “Riacho de Mogeiro”, que serpenteia pela cidade como um elo de identidade. No entanto, seu significado é ainda motivo de debate. Algumas teorias indicam que “Mogeiro” provém de “Mugeiro”, uma ave de rapina que pesca mugens. Outros sugerem que a palavra deriva do indígena “mong-eir”, que significa mel pegajoso, enquanto alguns associam o nome aos monges que, segundo tradições orais, habitaram a região.
Mogeiro é, acima de tudo, um símbolo de resistência e inovação no coração do agreste paraibano. Seu povo, fiel à terra e à fé, transformou desafios em oportunidades, preservando tradições enquanto abraça o futuro com confiança e esperança. Mais do que um polo agrícola e cultural, Mogeiro é um testemunho de que progresso e identidade caminham juntos. Cada centímetro de sua terra — das igrejas históricas aos campos de amendoim — conta a história de um lugar que, diante das adversidades, floresce com vigor inabalável.
Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas