Maria Alice no País das Mídias Sociais

No fulgor de seus noventa anos, Maria Alice, uma amiga cuja presença sempre iluminou as rodas de conversa, encontrou uma nova forma de expandir seu mundo. “No vigor da minha maturidade”, ela confidenciou em uma tarde de café, “aliei-me ao status de possuir esta máquina voadora de mensagens e assuntos que vêm e vão na velocidade da luz, repassados e consumidos na onda avassaladora da modernidade… Compartilhar com a atualidade é algo maravilhoso.” Em sua voz, havia o brilho de quem desbrava territórios ainda desconhecidos para muitos de sua geração.

A entrada de Maria Alice nas redes sociais é uma prova viva de que a idade cronológica pode ser apenas um número, pois o espírito permanece ávido por novos horizontes. Ela, que poderia facilmente resignar-se às limitações que o tempo impõe, preferiu explorar os encantos desse mundo cibernético. E ali, no universo digital, descobriu algo que vai muito além de uma simples diversão: uma espécie de magia que dilui o isolamento e mitiga a solidão, diminuindo os abismos emocionais que tantas vezes assolam os mais velhos.

Desafiar o estereótipo de que as redes sociais pertencem exclusivamente aos mais jovens é, na verdade, um ato de resistência. E são muitas as vozes, como a de Maria Alice, que provam o contrário. De forma crescente, idosos têm abraçado a internet com entusiasmo, demandando conteúdos que não apenas os informem, mas que ressoem com as suas vivências, com a riqueza de suas memórias e a profundidade de suas experiências. Mais que simples conexões virtuais, é um sopro de vitalidade que fortalece laços há muito desfeitos pela distância, pela fragmentação das famílias ou pela própria aceleração dos tempos.

E é aí que reside a beleza desse universo digital: onde os netos e seus avós se encontram, não apenas nos afetos, mas também nos espaços virtuais que antes pareciam tão distantes. Como diria a outra Alice, aquela que atravessou o espelho, “a única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível”. Pois aqui, na terra cibernética, é possível cultivar afetos, reatar laços e, acima de tudo, criar novas narrativas para os anos que ainda estão por vir.

Enquanto as gerações mais jovens deslizam os dedos sobre as telas em busca de likes e curtidas, capturando a própria imagem como um espelho digital, nossos anciãos, mais discretos, buscam nos pixels a companhia dos seus. É uma forma delicada de reconectar-se com o mundo, mas também uma maneira de conhecer novas realidades. E, por trás disso tudo, há um processo de ressocialização que, para muitos, é tão vital quanto um novo sopro de vida.

É encantador observar como esses espaços virtuais podem ser um campo fértil para o reencontro de amizades antigas, para as trocas de ideias sobre problemas comuns à terceira idade, ou mesmo para o florescer de novos relacionamentos, onde a experiência substitui a efemeridade das paixões juvenis. O ciberespaço, afinal, não é apenas para os nativos digitais, mas para todos que se permitem acreditar que, mesmo na maturidade, a vida pode sempre nos surpreender.

Maria Alice, portanto, nos dá uma lição: a internet é, para ela e tantos outros, um campo vasto e vibrante, onde mentes se exercitam, vidas se enriquecem e novas histórias são escritas. Parabéns, querida amiga, por nos lembrar que, com coragem e curiosidade, o impossível se torna palpável, mesmo nas paisagens imateriais do mundo virtual.