Não nos calemos diante do raso,
Do grito fácil, do aplauso vão.
Não rendamos a mente ao ocaso
Do medo disfarçado em opinião.
Que o verbo se erga — livre e profundo —
Contra o rebanho que entorpece o mundo.
Fake news é o pão dos covardes,
Consumismo, seu vinho fugaz.
Populistas, com gestos vis e alardes,
Prometem céu, entregam gás.
São líderes que odeiam a ideia,
Pois a ideia destrona a cadeia.
A mediocridade é coroa vazia
Na cabeça de reis sem saber.
É muralha contra a ousadia,
É pasto onde a dúvida não pode crescer.
Ela sorri nas vitrines do nada,
E governa a verdade calada.
Por isso, escrevemos este manifesto:
Em cada estrofe, uma recusa, um protesto.
Recusamos o raso e o previsível,
Erguemos o ideal, o sonho impossível.
Somos o sopro que incomoda o estanque,
O punho que rompe o silêncio do banque.
Se nos querem mudos, sejamos trovão.
Se nos querem mansos, sejamos vulcão.
E quando vierem buscar quem pensa,
Estaremos de pé — com alma imensa.
Pois ser livre é pensar contra a corrente,
E ser justo é jamais ser indiferente.
Por Palmarí H. de Lucena