O palco mundial muitas vezes parece estar em tons sépia, com estruturas internacionais empoeiradas da era pós-Segunda Guerra Mundial dominando, em sua maioria, os países mais ricos. No entanto, essa configuração já não é suficiente para atender aos interesses do Sul Global, incluindo a luta contra as mudanças climáticas e a promoção do desenvolvimento econômico.
Sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil se posicionou como um líder internacional, focado nos interesses das potências econômicas emergentes que valorizam a estabilidade e têm muito a perder com conflitos entre os países mais ricos.
Num mundo cada vez mais polarizado, o “não alinhamento ativo” de Lula, buscando equilibrar o envolvimento entre as grandes potências sem escolher um lado, é muitas vezes visto com suspeita. A aliança dos Brics, defendida pelo Brasil como um fórum para as prioridades do sul global, é frequentemente interpretada como “anti-Ocidente” por analistas dos EUA e da Europa. Este ano será um teste para a estratégia global de Lula.
Com a presidência rotativa do G20, o Brasil promete focar em questões como a redução das desigualdades, a transição energética e a reforma da governança global, refletindo as prioridades do sul global. Além disso, o Brasil sediará a conferência climática da ONU, a Cop30, no próximo ano, reforçando seu compromisso com a agenda ambiental. A política externa de Lula também buscou reformar instituições globais, como o Conselho de Segurança da ONU, para garantir uma representação mais equitativa das nações em desenvolvimento.
Sua diplomacia visa mediar conflitos internacionais e promover soluções pragmáticas em meio a um mundo polarizado. É importante reconhecer o impacto positivo da diplomacia liderada por Lula, que frequentemente expressa as opiniões de países emergentes que não se alinham com as grandes potências. Sua busca por soluções pragmáticas em situações complexas, como conflitos em Gaza, mostra um compromisso com a paz e a estabilidade globais.
Lula deve continuar a convencer os principais atores internacionais de que os interesses do Sul Global são legítimos e devem ser levados em consideração na governança global. A parceria recente entre Brasil e França, simbolizada pela visita de Macron à Amazônia, destaca o potencial de cooperação entre o sul global e o mundo desenvolvido.
Em última análise, a diplomacia de Lula representa uma aposta arriscada, mas necessária, na busca por um mundo mais justo e equilibrado. Como uma figura proeminente do Sul Global, Lula tem o potencial de amplificar a voz das nações emergentes e promover uma ordem internacional mais inclusiva e sustentável.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores