Lombadas Invisíveis e Colisões Inevitáveis: Armadilhas nas Nossas Vias

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Lombadas Invisíveis e Colisões Inevitáveis: Armadilhas nas Nossas Vias

A crescente incidência de colisões traseiras nas rodovias brasileiras traz à tona uma questão que afeta tanto motoristas quanto as autoridades de trânsito. Um estudo recente da Arteris, gestora de diversas rodovias no país, revelou que 31% das 14.657 ocorrências registradas no primeiro semestre foram colisões traseiras. Entre as causas apontadas, destacam-se a desatenção ao volante, o excesso de velocidade e a falta de manutenção dos freios. O uso de celulares ao dirigir, infelizmente, tem se tornado um fator crescente nessa lista. No entanto, um ponto que merece atenção especial, e é frequentemente subestimado, é a falta de sinalização adequada em lombadas, especialmente aquelas instaladas de maneira improvisada por comunidades, sem o devido planejamento ou segurança.

As lombadas, cujo propósito deveria ser o de promover a redução de velocidade em áreas de risco, muitas vezes produzem o efeito contrário quando mal sinalizadas ou mal construídas. Em Gurupi, Tocantins, a ausência de sinalização em um quebra-molas resultou em uma série de acidentes graves, incluindo fatalidades. Um exemplo trágico foi o caso de um homem que, ao trocar o pneu do carro, foi atropelado porque o motorista não havia visto a lombada. A falta de placas e de pintura no asfalto não apenas representa um risco iminente durante o dia, mas à noite, com a visibilidade reduzida, a situação se agrava, expondo motoristas e pedestres a perigos extremos.

Iniciativas como o sistema Pirilampo, implementado na BR-376, e os painéis de sinalização na ViaPaulista, são exemplos positivos de soluções para mitigar os riscos de colisões traseiras. Esses dispositivos de alerta, acionados remotamente, ajudaram a reduzir significativamente os acidentes. Contudo, para que haja uma mudança efetiva, é imperativo que cada município assuma a responsabilidade pela sinalização correta de suas vias. Caso contrário, lombadas mal sinalizadas se tornam armadilhas fatais, aumentando exponencialmente o risco de colisões e tragédias.

Além disso, o cenário se agrava quando lombadas são construídas de maneira artesanal por moradores, com o intuito de resolver um problema local, mas sem seguir qualquer padrão de segurança. Em bairros de cidades grandes e pequenas, essa prática tem se tornado comum, mas os riscos são enormes. Lombadas improvisadas podem danificar seriamente veículos, como aconteceu comigo recentemente. Em um único mês, meu carro foi atingido na traseira duas vezes ao reduzir a velocidade para evitar buracos ou ao me aproximar de uma lombada desmarcada. O resultado: R$ 17.000 em reparos, além do estresse causado. Em ambos os casos, o culpado foi um condutor distraído, possivelmente usando o celular.

A falta de policiamento eficaz também contribui para essa situação. Não há fiscalização suficiente para coibir práticas como o excesso de proximidade entre veículos em vias de alta velocidade ou a condução irresponsável de veículos sem manutenção. A construção de lombadas artesanais e a falta de sinalização adequada transformam nossas ruas e estradas em armadilhas perigosas. É urgente que o poder público otimize tanto a fiscalização quanto a manutenção das vias, garantindo que a segurança de motoristas e pedestres seja, de fato, uma prioridade.

A solução para reduzir as colisões traseiras não depende apenas de tecnologia ou infraestrutura moderna, mas também de um compromisso conjunto entre governos, concessionárias e motoristas. A educação no trânsito, a fiscalização eficiente e a correta sinalização das vias são passos indispensáveis para evitar acidentes e preservar vidas. Se quisermos um trânsito mais seguro e responsável, é preciso agir agora, antes que o próximo acidente seja fatal.

Palmarí H. de Lucena

Comentários

  • Austregésilo de Freitas Júnior disse:

    Vou deixar aqui uma sugestão, sobre a qual, eu não tenho dúvida de que poderia contribuir muito com a diminuição dos graves acidentes, inclusive os fatais!

    Antes, contudo, preciso desabafar sobre a irresponsabilidade criminosa de quem cuida da questão das lombadas nas nossas vias… NADA justifica os prejuízos de toda ordem, causados por estas verdadeiras armadilhas, algo que em princípio, deveria ter o fito de atenuar os riscos de acidentes, mas que acaba muitas vezes, sendo o fator provocador deles!

    Não sou contra a utilização dos famigerados “Quebra molas “, DESDE QUE sejam construídos de forma correta e adequadamente sinalizados!

    Regramento para construção deste tipo de equipamento, já existe. no entanto, na imensa maioria dos que estão instalados em nossas vias, não só desobedecem os padrões corretos, como ainda não possuem uma sinalização adequada, o que só agrava o problema!

    A solução?

    A adoção da minha idéia, qual seja: TODAS AS LOMBADAS , além de serem construídas dentro das medidas corretas, passarem a ser dotadas de linhas longitudinais rebaixadas em relação à superfície , com revestimento reflexivo fixado no fundo destes rebaixamentos!

    Tal solução, não é cara, é duradoura e eficiente, pois diferentemente do que acontece as pinturas que são feitas em lombadas, que logo ficam pretas por conta do constante atrito exercido sobre elas pelos pneus dos veículos, as faixas rebaixadas , não sofreriam tal contato e assim, por muito tempo produziriam o desejado efeito de alertar aos condutores sobre a existência das lombadas nas vias!!!

    Espero ter me feito compreender, mas caso tenha restado alguma dúvida sobre a minha idéia, me coloco inteiramente à disposição para melhor explicá-la!

  • Palmarí H. de Lucena disse:

    Grato pela sugestão, totalmente de acordo!

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