Incredibilidade e apreensão sobre os objetivos da “nova politica externa” do Governo Brasileiro, foram colocadas em espera por diplomatas, jornalistas, acadêmicos, e empresários sob a calculada esperança de um eventual choque de realidade, que modificaria um dos seus aspectos mais controvertidos, o alinhamento diplomático com os EUA, apoiado entusiasticamente pelo Presidente Bolsonaro, Ministro de Relações Exteriores, ala ideológica palaciana e as milícias digitais do Bolsonarismo.
Reciclamos os aspectos mais contundentes da Guerra Fria: anticomunismo peçonhento, renascença do “perigo amarelo” do Macarthismo, enfraquecimento de instituições multilaterais, acima de tudo, antipatia por tudo que pudesse ser rotulado de globalismo, conceito caracterizado como a “configuração atual do marxismo” pelo Presidente Trump, apoiado servilmente pelo Governo Brasileiro. Entre os novos espantalhos, cooperação internacional sobre mudanças climáticas, livre comércio, combate a COVID-19 e decisões do Conselho de Segurança sobre a Questão Palestina.
Viés contra o multilateralismo foi confirmado de forma contundente pelo Presidente Bolsonaro, no seu pronunciamento diante da Assembleia Geral da ONU de 2019: Não estamos aqui para apagar nacionalidades e soberanias em nome de um interesse global abstrato […]”. Posição implantada com zelo e empenho pelo líder do Itamaraty, ao transformar no carro chefe da diplomacia brasileira a recusa em acatar decisões e recomendações de entidades da ONU e apoio obsequioso de ações extraterritoriais americanas, contra ameaças presumidas a segurança dos EUA.
Em entrevista ao Poder em Foco da SBT, o Ministro Araújo afirmou que: A liderança disso (do combate à COVID-19) tem que ser dos países, pois cada governo nacional sabe qual é a sua situação e pode avaliar, sobretudo países que têm a capacidade de ação, como nós temos, que têm serviços de saúde, que têm ao mesmo tempo uma economia com as características que a gente tem”. Posição desmerecida pela evidente falta de coerência, nacionalismo desagregador, fanatismo religioso, que estão transformando o País no motivo de chacota e desprestigio na comunidade internacional.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores