Ingá é uma localidade que abriga um tesouro arqueológico singular, a Pedra do Ingá, também conhecida como Itacoatiara. Este conjunto rochoso, adornado com inscrições rupestres complexas, ainda envoltas em mistério quanto à sua origem, instiga uma série de interpretações e desperta o interesse e fascínio de turistas, cientistas, ufólogos e pessoas comuns, tanto do Brasil quanto do exterior. No entanto, ações humanas e fenômenos naturais têm causado impactos adversos na preservação desse patrimônio.
Durante o período de modernização da agricultura na Paraíba, impulsionado pelo governo de Argemiro de Figueiredo, Ingá atraiu a empresa norte-americana Anderson Clayton, em 1936, devido aos incentivos fiscais concedidos para a instalação de novas usinas de beneficiamento. A empresa estabeleceu-se próxima ao bairro da estação ferroviária, construída em 1904 para facilitar o transporte da produção de algodão. Com a chegada da praga do “bicudo”, a produção algodoeira declinou, levando ao encerramento das atividades da empresa no local, que com o tempo se transformou em ruínas.
Em 2023, a produção de algodão foi retomada no município com a criação da Usina de Beneficiamento de Algodão Orgânico, reaproveitando o espaço da antiga usina da Anderson Clayton e impulsionando a agricultura familiar local. A história econômica de Ingá, incluindo o período da produção de algodão e a chegada da Anderson Clayton, faz parte do tecido da memória coletiva. Ver o renascimento da produção de algodão na cidade, agora voltada para práticas orgânicas e sustentáveis, deve ser motivo de orgulho para os ingaenses.
A comunidade Chã dos Pereiras, localizada às margens da BR 230, é outro ponto destacado em Ingá. Seu papel na preservação e difusão da técnica artesanal da renda labirinto, trazida da Espanha e cultivada com esmero pelas mulheres artesãs, enriquece ainda mais o patrimônio cultural do município. O labirinto da Paraíba, originado nesse contexto, não apenas preserva uma tradição ancestral, mas também contribui para a economia local, sendo uma expressão única da identidade e talento do povo ingaense.
Portanto, é imprescindível reconhecer e valorizar a importância de Ingá como guardiã desse legado histórico e cultural tão significativo para o Brasil. A preservação da Pedra do Ingá e o apoio às comunidades locais, como Chã dos Pereiras, são medidas essenciais para assegurar que essa herança seja transmitida às futuras gerações, enriquecendo nosso entendimento da história e da diversidade cultural do país.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores