Recentemente, realizamos um levantamento sobre a origem das mensagens que recebemos diariamente de grupos de mídias sociais e endereços comerciais, obtidos através do número de CPF. Conversas abrangendo uma variedade de temas, como lançamentos de livros, cuidados de saúde, eventos culturais, golpes, celebrações familiares, ofertas de produtos e serviços, crimes e questões sociais. Mesmo após serem expostas como fake news, também há mensagens político-partidárias extremistas.
A quantidade de mensagens torna-se incontrolável, com notificações chegando desde o momento em que acordamos até quando dormimos. Mesmo tentando acompanhar, ficar off-line por apenas 30 minutos pode resultar em 100 novas mensagens, muitas delas contendo expressões como “lol”, emojis e por aí vai. É difícil acompanhar o fluxo de mensagens, como se estivéssemos perdidos em um livro em constante crescimento. Estamos atualmente vivendo na Era do Chat em Grupo, na qual o WhatsApp se destaca como o serviço de mensagens mais popular, com mais de dois bilhões e meio de usuários ativos.
Uma pesquisa recente revelou que muitas pessoas estão se sentindo sobrecarregadas com o excesso de mensagens em grupo, chegando a comparar a experiência com um trabalho em meio período. As redes sociais estão perdendo popularidade, com o Twitter enfrentando problemas, o Facebook perdendo seu apelo e o Instagram sendo dominado por anúncios. Talvez estejamos testemunhando o “crepúsculo da era das redes sociais”, em que as pessoas estão em busca de conexões reais por meio de chats em grupo, onde compartilham conselhos, piadas internas, atualizações e memes.
Hoje em dia, com tantas demandas em relação ao nosso tempo e atenção, as mensagens em grupo não são mais a única prioridade. Pesquisadores concordaram que elas podem ser complicadas, refletindo a complexidade das nossas interações sociais. Podemos iniciar um chat e depois criar outro sem a presença de um membro que se mudou e, em seguida, criar mais um para incluir um amigo de um amigo. Comparado com uma conversa individual, na qual a outra pessoa geralmente espera pela nossa resposta, os chats em grupo não são tão fáceis de gerenciar. As mensagens podem fluir o dia todo, independentemente de estarmos disponíveis para responder ou não. E se não estivermos com o telefone durante uma conversa em particular, podemos perdê-la completamente.
É importante perceber quando as mensagens ou conversas causam mais ansiedade do que alegria, ou quando elas se multiplicam a ponto de não mais associarmos intimidade e conexão a elas. Se recorremos a mensagens de Chat em Grupo, quando as redes sociais começam a parecer menos sociais, devemos manter as conversas que realmente nos ajudam a falar com as pessoas e talvez abandonar aquelas que parecem ao mesmo tempo cheias e vazias. A evidência sugere que conversar ativamente com as pessoas que nos importam – sobre assuntos que nos importam – é o que mais contribui para nosso bem-estar.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores