Observamos nos últimos anos um avanço significativo na tecnologia da inteligência artificial (IA), notadamente no que diz respeito à sua capacidade de criar imagens, textos e até mesmo músicas. Emulando a criatividade humana, a chamada inteligência artificial generativa. Esse avanço tem provocado discussões intensas sobre o impacto dessas tecnologias na cultura e filosofia humanas.
A criação de conteúdo original, semelhante a produzidos por seres humanos, usando a capacidade da IA generativa, tem estimulado artistas, escritores e músicos a se aventurarem por novas formas de expressão criativa. Torna-se viável criar peças literárias, pinturas e composições musicais únicas e inovadoras usando essa tecnologia, ferramenta, que tem revolucionado as indústrias criativas, colocando desafios às noções tradicionais de criatividade e autoria.
Existe, no entanto, uma genuína preocupação com as implicações éticas e filosóficas desse desenvolvimento, principalmente em relação à noção de autoria. Como a influência da inteligência artificial generativa pode produzir conteúdo original, surgem dúvidas sobre quem deve ser considerado o verdadeiro autor da obra. Seus defensores argumentam que a máquina é apenas uma ferramenta utilizada pelo artista, escritor ou músico, daí a justificação do crédito ser atribuído a eles, enquanto seus detratores argumentam que a máquina é a criadora real, uma vez que ela produz o conteúdo.
Inovação e originalidade são outra grande preocupação sobre o uso da IA generativa. Devido às suas capacidades de produzir conteúdos altamente criativos, muitos temem que a originalidade humana seja diminuída ou até mesmo descartada, no entanto, outros argumentam que a tecnologia pode expandir e ampliar os limites da criatividade humana, estimulando a inovação em vez de eliminá-la.
Outra questão a ser considerada é a influência da IA generativa na cultura. Sua capacidade de criar obras de arte, literatura e música que são indistinguíveis das produzidas por humanos, desafia a definição de cultura humana, por outro lado, o fácil acesso à tecnologia pode democratizar a cultura, permitindo uma maior participação na criação e apreciação artística.
Em síntese, a IA generativa é uma ferramenta poderosa e transformadora, capaz de revolucionar a cultura e a filosofia humanas. Seu potencial criativo e suas possibilidades de inovação são inegáveis, porém, é fundamental que a sociedade esteja atenta e engajada na discussão sobre seus impactos e no estabelecimento de diretrizes éticas claras para seu uso. Somente assim poderemos garantir que a interação entre inteligência artificial e mente humana seja benéfica e enriquecedora para nossa cultura e filosofia.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores