Fogueira de promessas

Expostos diariamente a campanhas de propaganda oficial, cidadãos são motivados a acreditar ou pelo menos conscientizar-se sobre ações governamentais ou possibilidades de melhorias e desenvolvimento. Releases anunciando a assinatura de cartas de intenções, prospectos de parcerias com o setor privado, anúncios de verbas federais, são muitas vezes publicadas sem o devido escrutínio ou questionamento. Benefícios e promessas de novos investimentos são descritos em termos bombásticos, enquanto os compromissos de contrapartida local e relevantes condicionalidades das fontes de financiamento são minimizadas por uma névoa de omissões e pelo narcisismo burocrático do poder público.

Montadoras de automóveis, fábricas de aviões e maquinaria agrícola, novas conexões aéreas ou bases de manutenção de helicópteros e outros investimentos prometidos por empresários nacionais e estrangeiros, consultores e intermediários políticos são anunciados com excessiva alacridade, sem primeiro realizar uma diligência razoável das capacidades e intenções dos parceiros prospectivos. Em palavras shakespearianas, muito barulho por nada!

Ministros e seus aliados no Congresso Nacional ziguezagueando o país, prometendo ou anunciando a aprovação ou liberação de verbas e a concomitante criação de milhares de empregos; políticos regressando de Brasília com notícias alvissareiras, devidamente autenticadas por fotografias com altas autoridades e comunicados de imprensa. Fertilizada pelos gastos extraordinários da Copa do Mundo, prospectos de royalties do petróleo pré-sal e a abundância de subsídios ou recursos estatais, a paisagem política transformando-se em uma arena de gladiadores pela permanecia no poder.

Verbas do Programa de Aceleração do Crescimento, por exemplo, não foram suficientes para assegurar o desempenho e resultados dos investimentos na revitalização e desenvolvimento socioeconômico do Centro Histórico. Dificuldade em elaborar projetos executivos, ausência de estudos ambientais e pesquisas arqueológicas, titularidade de propriedades expropriadas ou resistência de comunidades afetadas, contribuindo para o insucesso do programa dentro dos parâmetros e cronogramas acordados com o Governo Federal. Continuando assim a lumpenização e a degradação do nosso patrimônio histórico, mesmo com disponibilidade de verbas federais. Mais uma vez, só promessas…

Palmarí H. de Lucena é membro da União Brasileira de Escritores