Escolhas perigosas

crédito
Escolhas perigosas

Enfermeiro devidamente paramentado em uniforme verde hospitalar, posicionado corajosamente em um cruzamento confrontando uma carreata demandando o fim do isolamento social e abertura da economia. Apesar de acontecimento ter sido em Denver, o incidente expôs as tensões e o encruzilhada moral confrontando a humanidade. Duas opções incomodas: abrir a economia para ajudar a maioria ou proteger vidas de pessoas vulneráveis mantendo o isolamento social.

Adotada por conservadores e negacionistas do coronavírus, uma resposta baseada no utilitarismo, ou seja, deixar que a minoria sofra para a maioria beneficiar-se. Maneira comum e discutível de exercer escolhas morais, o utilitarismo estrito é uma das formas mais perigosas de tratar de questões de vida e morte.

Igualmente, nem todos opositores do distanciamento social ou outras medidas sanitárias restritivas são adeptos do utilitarismo, seus argumentos se baseiam em posições ideológicas extremas, viés religioso ou fadiga com instituições democráticas. Muitos deles misturam demandas pelo fechamento de tribunais superiores, dissolução do poder legislativo e a tomada do poder por forças castrenses, enquanto exigem a restauração de diretos constitucionais, supostamente violados por medidas sanitárias contra a propagação do COVID-19, como aconteceu recentemente no Brasil.

Pressões para abrir a economia como contraponto a constatação cientifica, implicam que podemos realizar uma análise de custo/beneficio, sobre quantas pessoas estaríamos preparados a sacrificar, em beneficio de um retorno a atividade econômica. Beneficio que não seria distribuído equitativamente devido o COVID-19 atingir desproporcionalmente pobres e idosos, em relação a população, como um todo.

Devemos expor a inconsistência moral na escolha que algumas vidas merecem mais cuidados, enquanto abandonamos outros pelo bem da maioria da população. O embrião humano é considerado sagrado, assim é toda vida, incluindo vidas tornando-se mais vulneráveis se reabrimos a economia, sem achatarmos a curva da pandemia.

Comentários

  • Angélica Costa disse:

    Excelente suas crônicas

  • regina disse:

    gostei!
    a turma dos protestos já se sabe de que é feita . resta aguentar . é aguardar.

  • Nelson Santiago Filho disse:

    Palmari, um preciso articulador de palavras, sempre nos brindando com textos irretocáveis, maturados e a lembrar um vinho tinto da melhor cepa. Somos leitores deste mestre da escrita há longo tempo. Seja muito bem-vindo. Conte sempre com a nossa leitura dos seus artigos. Será um deleite para todos nós.

Deixe um comentário

Seu endereço de email não será revelado.