Debates e disputas eleitorais transformados em troca de insultos e ameaças pessoais, sectarismo político contaminando o convívio social, as relações entre pessoas e até mesmo o temperamento de agentes públicos. É evidente que os valores sustentando a democracia ocidental estão em declínio. Intelectuais e cientistas políticos sugerindo que estamos nos aproximando de um nível de polarização política e social indesejável, em detrimento de uma sociedade moderna e igualitária. Perda de fé no governo e no processo político, podem motivar questionamento antecipado da legitimidade da eleição e transformar guerras culturais em instrumentos de políticas públicas

Disposição do candidato derrotado em aceitar os resultados de eleições é uma característica importante da democracia, resultante do poder do povo em fazer suas escolhas. A dicotomia pós-eleitoral entre vitoriosos e derrotados se transforma em um debate sobre programas defendidos por ambas as partes, política em uma democracia é sobre interesses como também princípios. Postura dificultada pelo questionamento sobre a vitória de um dos candidatos. No clima político atual, segmentos importantes do eleitorado questionarão a legitimidade do eleito, mesmo assim, a maioria do povo continuará apoiando a separação e independência dos três poderes e se opondo a um governo ditatorial.

Perda de confiança no governo e nas instituições democráticas é uma peste contaminando democracias pelo mundo afora, fomentando a crescente influência de demagogos, oportunistas e políticos autoritários. Formando governos retrógados e a implantação de políticas revanchistas, inconsistentes com preceitos democráticos, liberdades individuais e respeito à diversidade.Devemos evitar que o Brasil se transforme em mais uma promessa democrática não cumprida e na antítese dos ideais democráticos presentes nas cláusulas pétreas da Constituição.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores