Entre Rochas e Fé

Entre Rochas e Fé

Na paisagem agreste, de verde e cinzento,
Retângulos rompem o fundo deserto,
O cenário é estranho, porém, deslumbramento,
Como se avançássemos pra um mundo encoberto.

Na curva, paramos, com olhos espantados,
Uma base secreta no alto da pedra,
Parecia um encontro de tempos passados,
Ou algo alienígena, numa visão cega.

Testemunhas antigas, as pedras caladas,
Caminhos traçados com cruzes marcadas,
A raça humana em suas jornadas,
Da morte ancestral às dores das massas.

Boninas voltaram a trazer a lembrança,
Refúgio buscávamos, fugindo da guerra,
Sonhávamos com um Brasil de esperança,
Nas sombras da mente, um grito na terra.

O vale surreal, de vidro o chão claro,
Equilibrado, trêmulo sobre a grande rocha,
A luz verde brilha, um brilho raro,
Noite serena, mas cheia de troça.

Sons da natureza, apitos, assovios,
Completam a cena com estrelas brilhantes,
A paz da noite, o cantar dos rios,
Dormimos serenos, sonhos distantes.

Um homem franzino falou com cuidado,
“O percurso é tranquilo, mas cheio de perigo,
Cobras e fendas te deixam alertado,
Segura o passo, vai devagar comigo.”

Boca esculpida na rocha gigante,
Figuras pequenas vagando ao redor,
Altar sagrado, presença constante,
Romeiros buscando a paz e o amor.

Peregrinos seguem na fé e oração,
Buscando nas pedras um rumo, um destino,
Entre rochas e sonhos, a mesma visão,
A vida é um fado, um caminho divino.

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