Aroeiras floresce pelo trabalho incansável de seus agricultores e pela visão arrojada de seus pioneiros. No final do século XIX, figuras como Antônio Gonçalves, às margens do riacho Aricuru, deram os primeiros passos ao construir a primeira casa de farinha. Foi aqui, na simplicidade do trabalho cotidiano, que a mandioca transformada em farinha se consolidou como o pilar da economia local, sustentando a região e firmando Aroeiras como um centro produtivo no Agreste paraibano.
Em 1881, João de Souza deu início a um novo capítulo ao erguer um modesto caramanchão coberta de palha de coco-catolé, o embrião da Feira de Catolé dos Sousas. Esse espaço se tornaria o coração pulsante da comunidade, atraindo agricultores e mercadores de diversas partes. Com o tempo, as casas começaram a brotar ao redor da feira, e em 1911, Aroeiras foi oficialmente reconhecida como distrito de Umbuzeiro, iniciando sua trajetória rumo ao crescimento.
A emancipação de Aroeiras, em 2 de dezembro de 1953, foi o clímax de uma luta coletiva. Embora a cidade ainda carecesse de infraestrutura, seu desenvolvimento foi movido pela resiliência de seus habitantes. Praças e espaços de convivência começaram a surgir, e a feira livre tornou-se mais que um local de comércio — tornou-se o ponto de encontro cultural onde histórias, saberes e tradições eram trocados a cada negociação.
Além de seu valor histórico e econômico, Aroeiras guarda em suas terras tesouros naturais que enriquecem o cenário do ecoturismo. A Serra do Catolé, uma das formações rochosas mais emblemáticas da região, proporciona vistas panorâmicas de tirar o fôlego, atraindo visitantes em busca de caminhadas e da beleza imponente da natureza. Outro ponto de destaque são os lajedos, grandes afloramentos rochosos que emergem da paisagem, testemunhos de eras geológicas passadas. Esses lajedos são não apenas um espetáculo visual, mas parte fundamental do ecossistema local, e há gerações servem como pontos de referência para os habitantes.
O turismo rural, uma das grandes riquezas da cidade, oferece ao visitante a chance de se reconectar com a serenidade das paisagens bucólicas, enquanto descobre a harmonia entre homem e natureza. As festas populares, como a celebração de Nossa Senhora do Rosário e o São João, são momentos em que Aroeiras ganha vida com cores, sons e memórias. Fogueiras acesas, quadrilhas animadas e a icônica missa do vaqueiro fazem parte do repertório tradicional que une a cidade em devoção e festa.
Nas artes, Aroeiras também deixa sua marca. O poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho, membro da Academia Paraibana de Letras, é um dos grandes expoentes da cultura local, enriquecendo a literatura paraibana e nacional. Ao lado dele, o músico Zé de Cota, ícone do forró, traduz o espírito do povo de Aroeiras em suas composições, capturando em melodia a vida cotidiana e a alma da cidade.
Aroeiras é, assim, um lugar onde o passado e o presente se entrelaçam em uma dança contínua. Com suas formações rochosas imponentes, como a Serra do Catolé e os lajedos que pontuam o horizonte, a cidade oferece um refúgio natural que preserva sua essência e conecta as pessoas à terra. Seja na riqueza cultural ou no patrimônio ecológico, Aroeiras é um convite aberto a todos que desejam descobrir a verdadeira essência do Brejo paraibano, onde tradições profundas encontram novos horizontes em um futuro sustentável.
Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas