A verdadeira liberdade não veste fantasias, não quebra vidraças, nem ameaça juízes. Ela é serena, firme, silenciosa quando precisa, mas inegociável. É esse valor maior, consagrado na Constituição de 1988, que hoje se vê usurpado por discursos falaciosos da extrema-direita, que transforma criminosos em mártires e tenta confundir justiça com perseguição.
No Brasil, a pátria foi violentada em 8 de janeiro de 2023. O que o mundo inteiro viu — ao vivo — foi uma tentativa de golpe de Estado. O ataque às sedes dos três Poderes da República não foi um ato de protesto, mas uma afronta ao coração da democracia. Foi o Brasil agredido por dentro, por aqueles que juravam amá-lo.
E o que se vê agora? Tentativas sorrateiras de apagar o crime com discursos de clemência, projetos de anistia e revisionismos vergonhosos. Há parlamentares que, esquecendo o juramento à Constituição, agem como cúmplices da barbárie. Buscam transformar golpistas condenados em vítimas, como se depredar a democracia fosse apenas um excesso de fervor cívico.
Mas o patriotismo verdadeiro não passa pano para o crime. O patriotismo legalista é o que defende o voto, a urna, o Estado de Direito. É o que honra a República não apenas com palavras de ocasião, mas com o respeito às leis e à ordem constitucional. Defender a liberdade não é proteger quem quis calar o país com gritos de ódio e violência.
Esse tipo de retórica enganosa — que vimos também nos Estados Unidos, na invasão do Capitólio em 2021 — espalha-se pelo mundo com a mesma fórmula: desinformação, culto a líderes autoritários, ataque às instituições e apelo emocional à “liberdade” como desculpa para o descontrole. Mas uma Nação forte não se curva a esse tipo de chantagem.
A democracia brasileira é jovem, mas não ingênua. Ela já resistiu a golpes, ditaduras, censuras e retrocessos. E resistirá novamente — desde que seus filhos e filhas tenham coragem de dizer o óbvio: quem atenta contra a democracia deve responder perante a lei. Anistiar golpistas é zombar da Constituição e desonrar o sacrifício de gerações que lutaram por um Brasil livre e justo.
Por isso, que se ouça alto e claro: não há liberdade sem responsabilidade, não há patriotismo sem respeito à lei, não há futuro quando se absolve o passado criminoso em nome da conveniência política.
A pátria merece mais. E o povo brasileiro, que sabe reconhecer a diferença entre justiça e impunidade, saberá defender sua democracia com firmeza e dignidade — pela lei, pela ordem e pela liberdade verdadeira.
Palmarí H. de Lucena