E o QR code?

E o QR code?

De todas as inovações que nasceram em função da pandemia, nenhuma delas incomoda os clientes como o sempre presente QR code, também conhecido como código de resposta rápida. Tecnologia até então marginalizada, foi introduzida durante o começo da emergência sanitária, como substituto ao uso de cardápios físicos.  Depois de períodos de lockdowns ou distanciamento social impostos por governos, restaurantes reabriram com instruções por autoridades sanitárias e consultores, de manter mesas livres de objetos com maior possibilidade de toque, como saleiros, moedores de pimenta do reino ou condimentos como mostarda, ketchup ou maionese, eliminando até cardápios físicos, foi nesta conjuntura que nasceu a ideia de substituí-los por versões em QR code, por ser facilmente escaneados e abertos por clientes. Boa justificativa a parte, até tornar-se claro a improbabilidade de transmissão do vírus covid-19, através de superfícies como mesas de restaurantes.

Existe hoje considerável rejeição da tecnologia QR code, por parte de segmentos importantes da clientela, no entretanto, para a maioria dos proprietários de restaurantes representa uma maneira prática de oferecer cardápios livres de contato e muitos problemas que restaurantes têm enfrentado por anos, como gastos de impressão de cardápios e falta de cobertura laboral adequada. Alguns estabelecimentos decidiram descontinuar o uso de cardápio digital, devido a perdas provocadas pela rejeição ou limitações da tecnologia, outros restaurantes optaram por mantê-la, a espera de melhorias que motivem clientes a solicitar cardápios digitais.

Segundo uma pesquisa da Tecnomic, empresa especializada em consultoria para a indústria de alimentos, 88% das pessoas entrevistadas preferiam mais acesso a cardápios impressos, enquanto 66% delas desconcordaram fortemente do QR code, porque a tecnologia demandava que a pessoa usasse o celular logo após de sentar-se à mesa. Outros acharam que o uso da tecnologia seria como uma tarefa, tirando o prazer de folhear o cardápio e discutir preferências com companheiros de mesa ou garçons, com o agravante de problemas de conectividade. Atitudes que não nulificam as vantagens de usar o QR code. É mais fácil e econômico modificar ou introduzir “pratos do dia” no computador ou de ajustar preços no ambiente inflacionário em que vivemos. Muitas vezes, ajustes são feitos para compensar flutuações na taxa de câmbio. Tarefas realizadas sem custos adicionais de impressão, uma vantagem enfatizada por donos de restaurantes.

Quando criticam a versão atual do QR code, por produzir cardápios em PDF, muitos desejam a descontinuação de cardápios digitais, enquanto proprietários de restaurantes aspiram disponibilizar novas versões capazes de produzir experiências mais agradáveis, de ler ou compartilhar sugestões gastronômicas. Espera em pagar conta pode ser uma experiência mais irritante para o cliente, do que ler um cardápio digital em PDF, tanto por demoras como também pela nova realidade de preços inflacionários e porções menos generosas. Algo que nem o cardápio em QR code ou impresso podem resolver.  

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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