A história de Duas Estradas é um precioso tesouro cultural, que evoca a memória de um período de desenvolvimento significativo, iniciado com sua fundação em 1903. A visão de Antônio José da Costa, um empreendedor da região de Serra da Raiz, foi crucial para estabelecer a ferrovia que conectou Recife a Natal, marcando o início de um capítulo rico em pioneirismo e progresso para a cidade.
A ferrovia não apenas impulsionou a formação de Duas Estradas, mas também estimulou o crescimento de uma comunidade vibrante e próspera. O encontro da via férrea com a rodovia que ligava Serra da Raiz a Mamanguape transformou essa área num vibrante centro de comércio e interação social. A transição de Vila Costa para Duas Estradas, culminando na sua emancipação como município em 1961, reflete o espírito empreendedor e a resiliência de seus moradores.
É fundamental, porém, reconhecer a importância de preservar os marcos históricos que formam a identidade de Duas Estradas. Um desses marcos é o “Casarão”, construção imponente de 1920, propriedade de Francisco José da Costa, uma figura central na narrativa local. Mais do que uma mera estrutura arquitetônica, o “Casarão” simboliza a tenacidade e o legado dos pioneiros da cidade.
Recentemente, a prefeitura tomou um passo crucial ao declarar o “Casarão” como de utilidade pública. Este decreto municipal não só reconhece sua importância cultural e histórica para a cidade e para o estado da Paraíba, como também assegura medidas para sua conservação. Esta iniciativa preserva o legado para que futuras gerações possam apreciar e aprender com nossa rica história.
Outro exemplo notável de preservação é a transformação do prédio da antiga estação ferroviária na Biblioteca Municipal Margarida Maria Alves, um esforço louvável que mantém viva a memória do passado ao mesmo tempo em que aponta para um futuro promissor.
Apesar dos desafios econômicos significativos, Duas Estradas mantém-se resiliente, dependendo em grande parte de transferências estaduais e federais. No entanto, é essencial reconhecer e valorizar o papel histórico da cidade durante o auge do desenvolvimento ferroviário. Foi em Duas Estradas que a Great Western estabeleceu um importante entroncamento, conectando a Paraíba ao Rio Grande do Norte e ampliando a rota que começava em Recife. Este empreendimento não só facilitou o transporte de mercadorias e passageiros como também promoveu o desenvolvimento econômico e social da região.
Investir em iniciativas que promovam o turismo cultural e histórico é uma estratégia chave para revitalizar a economia local. Além disso, é crucial explorar oportunidades de diversificação econômica, aproveitando os recursos naturais e culturais da região. O apoio contínuo a iniciativas de preservação e conservação do patrimônio histórico é vital, não apenas para proteger nossa rica herança cultural, mas também para enriquecer a comunidade, fortalecendo seu senso de identidade e pertencimento.
Palmarí H. de Lucena, “Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas”