“É especialmente preocupante a contínua violação do direito internacional humanitário, o qual estabelece claramente as normas e princípios básicos para garantir a proteção e o bem-estar das pessoas civis em situações de conflito armado. Apesar disso, testemunhamos ataques indiscriminados contra civis palestinos, incluindo mulheres, crianças e idosos, bem como o uso excessivo de força e detenções arbitrárias, todas essas ações em contravenção das leis internacionais”. Essa declaração foi assinada por 800 funcionários do governo dos EUA, da União Europeia e 11 países europeus, incluindo o Reino Unido, França e Alemanha, em março de 2024.
De acordo com os autores da declaração, as operações militares de Israel em Gaza não têm apresentado “nenhum limite”, resultando em dezenas de milhares de mortes de civis evitáveis, bem como no bloqueio deliberado de ajuda humanitária, colocando milhares de civis em risco de fome e morte lenta.
Cinco anos antes, um relatório apresentado pela Comissão independente da ONU, em 28 de fevereiro de 2019, afirmou ser “extremamente preocupante e evidencia violações graves de direitos humanos e da lei humanitária internacional por parte das forças israelenses durante as manifestações na Faixa de Gaza. O relatório citava números alarmantes na época: mais de 6 mil manifestantes desarmados foram baleados, resultando em 189 mortes e mais de 6 mil feridos.
Segundo a comissão, as manifestações tinham natureza civil, com objetivos políticos claramente afirmados, e não representavam um combate ou campanha militar. Declarando inaceitável que as forças de segurança tenham utilizado força letal contra manifestantes desarmados. A comissão também reconheceu que alguns membros do comitê organizador dos protestos adotaram ações violentas, como o uso indiscriminado de pipas e balões incendiários. Embora isso seja condenável, não justifica as ações desproporcionais e letais por parte das forças israelenses.
Afirmando com base nessas evidências, que Israel investigue de forma imediata e imparcial todas essas violações de direitos humanos e da lei humanitária internacional. A impunidade não pode prevalecer, e os responsáveis por esses crimes devem ser responsabilizados, sugerindo de igual importância que a comunidade internacional reafirme seu compromisso com o respeito aos direitos humanos e exerça pressão sobre Israel para que respeite os princípios da lei internacional. Somente assim poderemos garantir que a dignidade e os direitos dos palestinos sejam respeitados e protegidos.
A cegueira deliberada do governo americano e aliados transforma democracias ocidentais em cúmplices silenciosos de uma crise humanitária sem precedentes, camuflada por objetivos políticos de um governo de extrema direita e fanáticos religiosos disfarçados como colonos ocupando ilegalmente território palestino, com proteção das forças armadas de Israel. A declaração assinada por 800 funcionários afirma categoricamente que, “embora a operação militar de Israel tenha causado uma destruição sem precedentes de vidas e propriedades em Gaza, parece não haver uma estratégia viável para remover eficazmente o Hamas como ameaça, nem uma solução política para garantir a segurança de Israel a longo prazo. Mais uma guerra sem fim…
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores