Diplomacia anti-diplomacia

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Diplomacia anti-diplomacia

É evidente o desconforto do Presidente Bolsonaro, seus familiares e os Ministros das Relações Exteriores e Meio Ambiente, com a eleição do democrata Joe Biden. A saída de Donald Trump da Casa Branca, deixa o Brasil carente de uma política externa coerente ou independente da relação interpessoal entre os dois presidentes. Política que infligiu um alto custo da reputação do País nos organismos multilaterais, desconfiança sobre o compromisso do governo com o meio ambiente e direitos humanos, crescente deterioração das relações bilaterais com a China, União Europeia e América Latina. Recusa de Bolsonaro em manifestar-se sobre a vitória do Democrata, na companhia pouco agradável de Kim Jong-un e Vladimir Putin, adiciona insulto ao agravo causado por declarações beligerantes sobre as críticas do presidente-eleito, as queimadas e devastação meio ambiental ocorrendo no Norte do Brasil.  

Público e notório é o fato de Jair Bolsonaro ter grande admiração por Donald Trump, compartilhando plataformas comuns, especialmente na atuação global em uma pauta moral, orientada a manter apoio evangélico e a supressão de alternativas consistentes com a natureza laica do Estado Democrático de Direito. Alinhamento servil não deteve Trump de tomar medidas prejudiciais ao Brasil no campo do comércio exterior. Ignorando um principio básico da diplomacia, afinidades podem ajudar a chegar a um entendimento comum, desde que não estejam acima dos interesses de cada nação, fato ignorado pela diplomacia Bolsonarista ao sincronizar sua política externa com as características preconceituosas, egocêntricas e xenofóbicas do presidente americano.  

Existe uma predisposição do presidente-eleito Joe Biden de manter uma relação equilibrada com o Governo Brasileiro, apesar de questionamentos de parlamentares democratas sobre seu viés isolacionista, aversão a instituições multilaterais, acordos sobre o clima e proteção do meio ambiente. Eventualmente tudo vai depender da maneira de como vamos endereçar assuntos de interesse do novo governo americano, especialmente sobre mudanças climáticas e proteção da biodiversidade

A tendência da diplomacia brasileira, é de que tudo siga inalterado devido a falta de uma estratégia de transição de Trump para Biden e a dificuldade de Jair Bolsonaro afastar-se da ala ideológica comandando a política exterior. O Brasil pode isolar-se ainda mais em sua própria esfera de poder, se não encontrar o ponto de equilíbrio para o diálogo com Washington, correndo também o risco de estar sem parceiros, totalmente isolado nos espectros latino-americano, hemisférico e global, se a ideologia Olavista seguir norteando a agenda política das relações exteriores.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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