Desmilitarização da segurança pública

Feitiço da magia de manifestações pacíficas se metamorfoseando em choques violentos entre as forças da lei e a ordem e grupos de tendência anarquista, usando táticas de ação direta em contraponto ao protesto democrático e a desobediência civil não-violenta. A chamada Batalha de Seattle em 1999 deu o pontapé inicial a protestos advogando a ocupação de espaços públicos através de atos de violência, destruição do patrimônio e agressões físicas contra agentes públicos. Ocorrências recebendo atenção difusa nas “Breaking News”, redes sociais e recriminações político-partidárias.

Progressão de eventos e atitudes transformado manifestações pacíficas em enfrentamentos assimétricos entre policiais e grupos de anarquistas, tema transversal nos protestos do mundo globalizado. Manifestações violentas em várias cidades do mundo e recentemente em Brasília transformando-se em cabeças de ponte de batalhas contra causas aleatórias. Forças policiais dominadas por uma hierarquia rígida usando táticas militares para defender perímetros ou áreas públicas, também contestadas por manifestantes desafiando falanges militares apetrechadas para a repressão de tumultos.

Dúvidas frequentes sobre o modelo militarista usado para coibir manifestações, degenerando eventualmente em quebra-quebras incontroláveis, a descaracterização do protesto pacífico e a demonização das forças policiais. Burocracia e a cultura militar reforçando atitudes negativas sobre protestos e pessoas socialmente excluídas, policiais vistos como preconceituosos, corruptos, inclinados a ações violentas com armas letais.

É necessário construir um novo paradigma para a manutenção da segurança pública e a sustentabilidade da república, forjando um clima pacífico entre o povo e o poder público e entre partes divergentes dentro da sociedade civil. Desmilitarização do aparato de segurança e a formação de uma força policial moderna, inclusiva e imbuída no cotidiano das vizinhanças, criando condições favoráveis para o reestabelecimento da paz nas comunidades e a legitimidade de projetos de desenvolvimento humano.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores