A comparação do desempenho cognitivo de Donald Trump e Joe Biden tornou-se inevitável em um cenário político em que ambos, já em idade avançada, enfrentam críticas sobre suas capacidades mentais. Embora os dois sejam acusados de declínio cognitivo, suas performances em debates e discursos revelam diferenças marcantes.
No caso de Joe Biden, as críticas geralmente giram em torno de lapsos momentâneos de fala ou pausas reflexivas ao formular respostas. Ainda que esses lapsos possam ser desconfortáveis para alguns, eles não alteram a coesão de seu discurso. Biden, mesmo com hesitações ocasionais, consegue retornar ao ponto central de suas falas, mantendo uma linha de raciocínio compreensível. Suas repetições, muitas vezes criticadas, são estratégias políticas comuns para reforçar temas centrais de sua campanha.
Já Trump apresenta sinais mais alarmantes de perseveração, um fenômeno no qual o indivíduo repete compulsivamente ideias sem relação direta com o contexto. Em várias ocasiões, como ao ser questionado sobre o ataque ao Capitólio, Trump desviou para temas irrelevantes, como energia e imigração, demonstrando uma incapacidade de focar na questão central. Esse comportamento, aliado ao uso frequente de superlativos vagos, como “ninguém jamais viu algo assim”, sugere uma perda de flexibilidade cognitiva, o que pode indicar uma falha mais severa no processamento mental.
Enquanto Biden lida com pausas e pequenos lapsos, Trump exibe uma desorganização de pensamento mais preocupante, frequentemente incapaz de articular uma resposta coesa. A alegação de Trump de que suas falas desconexas são parte de uma “estratégia” de “entrelaçamento” — conectando tópicos díspares — parece, para muitos observadores, mais uma justificativa para confusão mental do que uma tática deliberada.
A diferença entre os dois candidatos se acentua quando analisamos o impacto de suas falas sob pressão. Biden, apesar das críticas, mantém uma estrutura discursiva que indica raciocínio funcional, sugerindo que seus lapsos são reflexos de um estilo de comunicação ou idade, mas não necessariamente de um declínio cognitivo severo. Trump, por sua vez, exibe uma repetição compulsiva e uma desorganização preocupante, sinais que, em um contexto clínico, poderiam justificar uma avaliação neuropsiquiátrica rigorosa.
Portanto, embora ambos enfrentem questionamentos quanto à saúde mental, o desempenho cognitivo de Biden se apresenta mais controlado e funcional, enquanto os padrões de perseveração e desarticulação de Trump sugerem um declínio cognitivo mais preocupante, especialmente em momentos de alta pressão e incerteza. Esse contraste levanta questões sérias sobre a aptidão de Trump para desempenhar funções que demandam clareza mental e rapidez de raciocínio.
Palmarí H. de Lucena