Desafios para economia global em 2024

Desafios para economia global em 2024

Recentes ataques no Mar Vermelho por militantes no Iêmen, são apenas um exemplo dos muitos conflitos que estão afetando o mundo atualmente. Esses ataques estão causando instabilidade e prejudicando o tráfego marítimo nesta rota crucial para o comércio internacional, agravando ainda mais uma série de crises imprevisíveis que têm abalado a economia global nos últimos anos, como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia. Os impactos desses eventos têm desviado a economia de seu curso e deixado cicatrizes difíceis de serem curadas.

E, infelizmente, o pior ainda está por vir. Nos próximos meses, teremos uma onda de eleições nacionais em diversos países mundo afora, com repercussões profundas e duradouras. Mais de dois bilhões de pessoas em cerca de 50 países irão às urnas, o que representa 60% da produção econômica mundial. Enquanto enfrentamos um desafio: em muitos lugares, o ceticismo em relação à globalização tem crescido, alimentado por rendas estagnadas, queda nos padrões de vida e aumento da desigualdade, embora um mundo com menos comércio significa também menos rendimentos para todos.

Essa situação cria um ciclo vicioso perigoso, uma vez que a eleição de líderes nacionalistas de direita tende a enfraquecer ainda mais o crescimento global e prejudicar as fortunas econômicas. Para muitos economistas, os eventos econômicos recentes têm lembrado os da década de 1970, mas para outros a referência é a década de 1930, com as convulsões políticas e desequilíbrios financeiros que resultaram em populismo e políticas extremas, além de declínio do comércio.

Em um cenário global já complexo e volátil, essas eleições podem levar a mudanças de grande alcance nas políticas internas e externas dos países, o que influencia diretamente as questões econômicas, como mudanças climáticas, regulamentações e alianças globais. Diante de tudo isso, a perspectiva econômica para o próximo ano é incerta. O crescimento em muitas partes do mundo continua lento e dezenas de países em desenvolvimento correm o risco de entrar em default em suas dívidas soberanas, no entanto, a queda na inflação está incentivando os bancos centrais a reduzirem as taxas de juros, o que pode estimular investimentos e compras de imóveis.

À medida que o mundo se divide em alianças e blocos rivais, as preocupações com segurança têm um papel cada vez maior nas decisões econômicas. China, Índia e Turquia estão intensificando suas compras de energia da Rússia devido às tensões com a Europa. Enquanto isso, as tensões entre China e Estados Unidos levaram Washington a investir pesadamente em setores considerados essenciais para a segurança nacional.

O mundo está vendo um aumento de pequenos atores que buscam desafiar o status quo, como é o caso do Iêmen, Hamas, Azerbaijão e Venezuela. Embora esses conflitos sejam menores, eles podem afetar a cadeia de suprimentos global de formas imprevisíveis. O poder geopolítico está se dispersando cada vez mais, o que aumenta a volatilidade e a incerteza na economia mundial.

Tudo isso mostra que a incerteza tem um efeito desanimador na economia. As empresas tendem a adiar investimentos, expansões e contratações em períodos de turbulência. E, com conflitos militares em andamento, o aumento das condições climáticas extremas e as eleições importantes que estão por vir, é provável que 2024 seja um ano repleto de desafios para a economia mundial.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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