Recentes ataques no Mar Vermelho por militantes no Iêmen, são apenas um exemplo dos muitos conflitos que estão afetando o mundo atualmente. Esses ataques estão causando instabilidade e prejudicando o tráfego marítimo nesta rota crucial para o comércio internacional, agravando ainda mais uma série de crises imprevisíveis que têm abalado a economia global nos últimos anos, como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia. Os impactos desses eventos têm desviado a economia de seu curso e deixado cicatrizes difíceis de serem curadas.
E, infelizmente, o pior ainda está por vir. Nos próximos meses, teremos uma onda de eleições nacionais em diversos países mundo afora, com repercussões profundas e duradouras. Mais de dois bilhões de pessoas em cerca de 50 países irão às urnas, o que representa 60% da produção econômica mundial. Enquanto enfrentamos um desafio: em muitos lugares, o ceticismo em relação à globalização tem crescido, alimentado por rendas estagnadas, queda nos padrões de vida e aumento da desigualdade, embora um mundo com menos comércio significa também menos rendimentos para todos.
Essa situação cria um ciclo vicioso perigoso, uma vez que a eleição de líderes nacionalistas de direita tende a enfraquecer ainda mais o crescimento global e prejudicar as fortunas econômicas. Para muitos economistas, os eventos econômicos recentes têm lembrado os da década de 1970, mas para outros a referência é a década de 1930, com as convulsões políticas e desequilíbrios financeiros que resultaram em populismo e políticas extremas, além de declínio do comércio.
Em um cenário global já complexo e volátil, essas eleições podem levar a mudanças de grande alcance nas políticas internas e externas dos países, o que influencia diretamente as questões econômicas, como mudanças climáticas, regulamentações e alianças globais. Diante de tudo isso, a perspectiva econômica para o próximo ano é incerta. O crescimento em muitas partes do mundo continua lento e dezenas de países em desenvolvimento correm o risco de entrar em default em suas dívidas soberanas, no entanto, a queda na inflação está incentivando os bancos centrais a reduzirem as taxas de juros, o que pode estimular investimentos e compras de imóveis.
À medida que o mundo se divide em alianças e blocos rivais, as preocupações com segurança têm um papel cada vez maior nas decisões econômicas. China, Índia e Turquia estão intensificando suas compras de energia da Rússia devido às tensões com a Europa. Enquanto isso, as tensões entre China e Estados Unidos levaram Washington a investir pesadamente em setores considerados essenciais para a segurança nacional.
O mundo está vendo um aumento de pequenos atores que buscam desafiar o status quo, como é o caso do Iêmen, Hamas, Azerbaijão e Venezuela. Embora esses conflitos sejam menores, eles podem afetar a cadeia de suprimentos global de formas imprevisíveis. O poder geopolítico está se dispersando cada vez mais, o que aumenta a volatilidade e a incerteza na economia mundial.
Tudo isso mostra que a incerteza tem um efeito desanimador na economia. As empresas tendem a adiar investimentos, expansões e contratações em períodos de turbulência. E, com conflitos militares em andamento, o aumento das condições climáticas extremas e as eleições importantes que estão por vir, é provável que 2024 seja um ano repleto de desafios para a economia mundial.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores