Defesa da liberdade de expressão

Entre os aspectos mais desconcertantes da narrativa política do Presidente Trump é sua predisposição de demonizar e atacar os principais veículos da imprensa americana. Referindo-se maliciosamente a importantes veículos da grande mídia, especificamente o The New York Times, Washington Post e a cadeia de televisão CNN, como fontes de fake news e inimigos do povo. Pronunciamentos emblemáticos da reversão dos valores éticos e morais outrora promovidos pelo farol da liberdade edificado na democracia americana ate o dia 20 de fevereiro de 2017.

O Nazismo e o Comunismo usaram o conceito de inimigo do povo de uma maneira mais acachapante, como uma justificação para deter ou deportar seus opositores e membros de minorias religiosas ou étnicas para campos de concentração e os “gulags” stalinistas denunciados por Nikita Khruschev, em 1956.

Além das notórias ditaduras da China, Rússia, Coreia do Norte, Cuba, Vietnã, Irã e Venezuela, temos hoje um grupo de países que optaram democraticamente por governos pouco respeitosos do direito de livre expressão como a Polônia, Hungria, Turquia e as Filipinas. Além de permitir inclusão da direita xenófoba nos governos da Itália, Áustria, Bélgica, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Letônia, Lituânia e Noruega.

Ataques a jornalistas são motivados principalmente pela caracterização imprudente de profissionais da imprensa como ‘inimigos’, por líderes políticos e empresários. No afã de minimizar atos de corrupção e atrocidades cometidas por déspotas identificados com sua administração, o pragmatismo amoral do Presidente Trump tornou-se o catalisador do crescimento de perseguições contra jornalistas.

Oxalá que a corrente onda de ataques a grande mídia no Brasil e a proliferação de fake news demonizando jornalistas, intelectuais e instituições seja somente episódios eleitorais, por obnóxio que sejam. Não podemos permitir que nosso país se transforme em mais uma democracia que votou por menos liberdade de expressão.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores