Popularizado no auge da crise econômica de 2008-2009, o termo “gig economy”, ou seja, trabalho autônomo baseado em tarefas ou bicos, há tomando crescente importância e relevância no mercado de trabalho, principalmente no liminar do novo normal da pandemia do COVID-19. Geração de renda executando tarefas de curta duração não é uma ideia recente, a modalidade é usada por um espectro amplo de ocupações, desde consultores independentes, microempresários ou trabalhadores suplementando salários, como colaboradores de aplicativos.
Nos EUA, a “gig economy” transformou-se em peça fundamental de sobrevivência econômica ou suplementação de renda durante a crise econômica. Com segmentos da população confrontando desemprego ou subemprego, muitos trabalhadores aceitaram empregos temporários em qualquer ocupações que podiam acessar. Trabalho por aplicativo, ou uberização, cresceu na medida que a crise e seus efeitos se aprofundavam, fenômeno que está aumentando durante a pandemia e deve ser uma crescente alternativa para trabalhadores na nova economia global.
Em 2017, a participação de trabalhadores autônomos, “gig workers”, na economia dos EUA, foi estimada em 34% da força laboral, com a possibilidade de crescer ate 43% no ano 2020, antes do COVID-19. Crescimento da chamada uberização da força laboral durante a recessão de 2014-2021 no Brasil, transformou-se em principal alternativa para a inclusão socioeconômica de desempregados ou subempregados. Transferindo o risco das empresas para os trabalhadores, reduzindo custos operacionais e salários, incentivando a terceirização e pulverizando a segurança garantida pela CTPS.
Insegurança e incerteza sobre a economia pós-pandemia crescem incontrolavelmente, devido à falta de planos coerentes e medidas de estímulo para a inovação, competitividade e independência da força laboral. Liberalismo e autoritarismo de um governo incapaz de apertar o cadarço da solidariedade, para promover uma genuína justiça social e renascença econômica, são impedimentos para a formação de um consenso nacional sobre como resolver nossos problemas socioeconômicos, sem a influência tóxica do tribalismo ideológico, extremismo ou curativos emergenciais.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores