Lavar as mãos com água corrente e sabão por vinte segundos e usar álcool gel, são procedimentos de higiene pessoal recomendados por especialistas em saúde pública e infectologistas, enquanto agentes políticos valem-se da crise para obter favores com o eleitorado. Ausente das recomendações e da retórica política, é o reconhecimento que as pessoas sem acesso a banheiros e saneamento básico, carecem de meios para obter os insumos recomendados pelo poder público e a classe médica.
Estatísticas confirmam a passagem contaminadora do vírus nas classes sociais e regiões brasileiras mais abastadas. Pessoas que possuem meios de viajar para o exterior como empresários, artistas, políticos e turistas, formam a maioria daqueles que importaram a doença para o grandes centros urbanos do Sul e Sudeste. Contaminação local começara a ser reportada, aumentando o risco de uma disseminação generalizada por todas regiões, impactando os quase 35 milhões de brasileiros que vivem sem acesso a água tratada ou os 100 milhões que habitam locais sem saneamento básico.
Devido a grande desigualdade social no Brasil, o SUS já funciona sob pressão, incapacitado de atender a demanda por serviços, pela escassez de verbas disponibilizadaspelo Governo sob a tutela de “ajustes fiscais”. Situação dramatizada pelo pedido emergencial do Ministério da Saúde por R$5 bilhões, para lidar com o coronavírus. Presenciamos o desmonte do estado de bem-estar social, justificado por políticas liberais, extremismo ideológico e retórica eleitoreira minimizando o impacto da doença, demonizando a mídia por expor a crescente crise no nosso sistema de saúde e a ineficácia do Poder Executivo e o Congresso. Enquanto o vírus se espalha pelo País, continuamos ouvindo a ladainha sobre a prioridade de implantar reformas e satisfazer as expectativas do mercado. E as pessoas que não investem na BOVESPA, Fundos de Investimentos ou especulações cambiais?
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores